A variante Delta do vírus SarsCov-2, originária da Índia, é 97% mais transmissível que a primeira versão do novo coronavírus. Em entrevista à CNN Brasil, o chefe da Infectologia da Unesp e consultor para Covid-19 da Associação Médica Brasileira e da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, explicou esta capacidade maior de ser passado de uma pessoa para outra também é presenciado na P.1, que surgiu na região amazônica brasileira, 37% mais transmissível, e justifica os surtos da doença em ambos os países.
“A Delta foi reportada num estudo desta semana da OMS [Organização Mundial da Saúde], e ela é 97% mais transmissível do que o vírus original, do que o vírus selvagem que causou a pandemia. A variante Gama [P.1, do Brasil], é 38% [mais transmissível], para vocês terem uma ideia”, declarou.
O pesquisador alerta para o perigo do surgimento de novas variantes, que nascem a partir da contaminação cada vez maior e de pessoas de lugares diferentes do mundo. Ele cita como exemplo a variante Beta, detectada na África, que quase não responde à imunização da vacina de Oxford/Astrazeneca.
“Podem colocar em risco a eficácia da vacina e o maior exemplo é a variante Beta, da África do Sul, que especificamente a resposta da vacina Oxford / AstraZeneca, acaba sendo desastrosa. Nós temos a resposta para o vírus original em torno de 60, 70% — uma boa eficácia –, mas quando esta vacina é desafiada pelo vírus Beta, essa resposta cai para apenas 10%”, ressalta.
No Brasil, contudo, as variantes que mais circulam não são capazes de escapar das vacinas aqui aplicadas, como CoronaVac, Pfizer e de Oxford.
“Aparentemente, para as variantes Gama e Delta, não houve grande impacto pelo pull de vacina que estamos usando, elas respondem bem”, diz.