O grande redator dos ditos populares, se é que essa pessoa existe, nos brindou com a célebre pérola que assim diz: não se mexe em time que está ganhando. Pois bem, mas digamos que poderíamos adaptar tal ditado, e afirmar também que: o modelo de sucesso em um empreendimento, sempre servirá de inspiração para outros. E parece que na noite de Ilhéus, uma nova tendência mercadológica vem se consolidando enquanto “entretenimento de contato”, para o pleno deleite coletivo. Um verdadeiro espetáculo!
Tal conceito inovador, como abordamos aqui há algumas semanas, foi trazido originalmente à região por uma notório estabelecimento situado no Centro da cidade. Aconteceu a priori de maneira descompromissada, repercutiu na imprensa, foi ganhando corpo, e hoje o referido estabelecimento é referência mundial em matéria de porradaria desenfreada com fins festivos. Haja orgulho e olho roxo.
“Aqui é o octógono sul baiano do Corote”, afirmou orgulhoso um cliente.
A fórmula de sucesso fez escola, atravessou a ponte Lomanto Júnior, e foi parar em um dos mais bombados circuitos boêmios da cidade, a sempre festiva e perfumada Passarela do Álcool, no bairro do Pontal. O local, que às vezes lembra aquelas quermesses católicas, tamanha é a ordem, a paz, e o respeito pelos moradores (SQN!), encaixou perfeitamente como uma luva no novo conceito de balbúrdia ostentação. Prova disso foi o grande festival visto neste fim de semana por lá: murro, bicuda, voadora, arremesso de cadeiras, e todos os ornamentos que a inovadora iniciativa propicia ao público. Um verdadeiro espetáculo da raça humana!
De acordo com especialistas, o grande diferencial da Passarela (que em homenagem a Pandemia passará a ser chamada de Passarela do Álcool em Gel), é o incentivo que há para que o próprio público promova de maneira independente, tal qual microempreendedores, as suas próprias porradarias recreativas.
“Aqui é melhor para nós. Basta trazer um isopor cheio de Polar, e uma JBL falsificada, que eu já tenho autonomia suficiente para realizar minhas próprias desordens e arruaças, como forma de atrair a clientela”, afirmou Ednilson Stwart de Jesus.
Ainda neste fim de semana, um acontecimento ímpar aconteceu no logradouro, e que evidencia o quanto os moradores da Passarela, se sentem felizes com as constantes festas e aglomerações que acontecem por lá. Triste e inconformado porque o som ensurdecedor oriundo do local foi desligado – cortando assim o reinante clima de paz em sua casa -, um vizinho solicitou aos presentes que continuassem com a festa, pois precisava dançar um pouco mais, antes de dormir. Insensíveis, e objetivando terminar logo com a barulheira tão agradável, as pessoas se incomodaram com o pedido do morador, e o agrediram violentamente. Um exemplo de carinho e respeito.
Ouvidos pela nossa Redação, analistas mercadológicos afirmam que a tendência é a expansão desenfreada do modelo por todo o município. Porém, ressalta, para o seu sucesso é necessário a colaboração das autoridades competentes, que, custeados pelos próprios idealizadores do conceito festivo, serão capacitados com os cursos: “Introdução às Vistas Grossas”, e a “Filosofia da Falta de Fiscalização”.
Sem capacitação, não somos nada!
Acreditamos que a linguagem humorística tem papel importante na construção de críticas pertinentes ante assuntos de grande importância. Isso não reduz em nada a dimensão do problema. Muito pelo contrário, pelo teor do estilo de escrita, muitas vezes tem o poder de chegar, onde uma abordagem convencional do mesmo assunto, talvez não reverberasse da mesma forma.
São forças complementares. Porém, acreditamos que o caso acontecido neste fim de semana na Passarela do Álcool é grave, e merece ser relatado em todos os seus detalhes. Isso para que intervenções urgentes aconteçam no local.
Ainda hoje publicaremos uma matéria especial a respeito do caso.