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É DE OURO? ÓLEO DIESEL CHEGA A R$ 7,98 EM ILHÉUS

O estado da Bahia tem o óleo diesel mais caro do país. Em um posto da cidade de Ilhéus, o litro do combustível custa até R$ 7,98, bem acima da média do país (R$ 4,599), segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado  entre os dias 13 e 19 de março. Ainda de acordo com a pesquisa, o produto no estado é vendido acima dos R$ 7 em Eunápolis (R$ 7,199), Guanambi (R$ 7,198), Irecê (R$ 7,195), Itabuna (R$ 7,320), Juazeiro (R$ 7,20), Paulo Afonso (R$ 7,096), Salvador (R$ 7,29)  e Simões Filho (R$ 7,11).

De acordo com o aplicativo Preço da Hora, do governo da Bahia, na capital baiana, o valor do diesel  está ainda  mais caro. Em um posto de Porto Seco de Pirajá, ontem, ele estava sendo comercializado a  R$ 7,97, porém era possível encontrar o produto  a  R$ 6,79 em postos do Vale do Canela, Nazaré, Pituaçu e Pernambués.

Prejuízo – O caminhoneiro e empresário Raimundo Cardoso, 51, já não sabe mais o que fazer para pagar pelo produto. Ele trabalha com frete de mercadorias e mudanças, além de prestar serviço à Cooperativa de Catadores Consciência Limpa (Coolimpa), através de um contrato com a prefeitura. “O valor de nosso frete não aumentou, nosso salário não aumentou, o preço das peças de carro está muito mais alto e o do diesel também. A gente não consegue acompanhar”, confessa Cardoso.

Para pagar mais barato na hora de abastecer, ele foge de Ilhéus e vai para Buerarema, uma cidade a cerca de 50 quilômetros dali, com pouco mais de 18 mil habitantes. “Vale mais a pena, porque, às vezes, é mais barato uns 20 centavos”, conta. Ele reclama do aumento dos custos que isso gerou nos seus trajetos. “Quando a gente fazia uma viagem de Ilhéus para Salvador, que dá mil quilômetros para ir e voltar, a gente gastava, antigamente, R$ 600 a R$ 700. Agora, não é menos de R$ 1.700. E o consumidor não quer pagar essa diferença, então nosso lucro reduziu à metade”, lamenta.

ICMS alto e privatização explicam alto preço – O diesel é um derivado de petróleo, então seu preço está diretamente ligado ao da commodity. Se o preço do petróleo sobe, o do diesel também aumenta. Isto já vinha ocorrendo nos últimos meses e  se intensificou  com guerra na Ucrânia. No início deste mês, o preço do petróleo Brent saltou para acima de US$ 139 por barril. Ontem, o barril, que normalmente flutuava entre US$ 50 e US$ 70, variou entre US$ 114 e US$ 122.

Na Bahia, mais de 90% do mercado de combustível é atendido pela Refinaria Mataripe, administrada pela Acelen, que define seus preços a partir do custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e  o frete. “Nos últimos 26 dias, com o agravamento da crise gerada pelo conflito, o preço internacional do barril de petróleo disparou, superando os US$ 115 por barril, o que gerou impacto direto nos custos de produção”, diz a Acelen, em nota.

Segundo o secretário executivo do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniências do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), Marcelo Travassos,  a Acelen vende o combustível por um valor mais elevado que o da Petrobras.

“A Petrobras passou dois meses sem reajustar seus preços, enquanto que a Acelen reajustou cinco vezes, com percentuais maiores. Além disso, a Acelen trabalha com pontos de entrega, que não tinha antigamente. Eles fornecem para Itabuna e Jequié abasteceram o sul e extremo-sul, com um custo maior que a de São Francisco do Conde (onde está a refinaria). Outro motivo é a Bahia ter um dos ICMS mais altos do Brasil”, explica.

A diferença entre as duas empresas é que a Petrobras sofre  pressão política. Para se ter uma ideia, mesmo com a variação para cima do preço do petróleo, a estatal  passou 57 dias  sem fazer  qualquer reajuste no preço dos combustíveis. No último dia 10 de março, a Petrobras anunciou de uma só tacada  um aumento de quase 25% no preço do diesel.  A Acelen, por sua vez, acompanhou a evolução dos preços do mercado internacional.  “A pressão política tem sido um inibidor [para os aumentos da Petrobras]. No caso da Acelen, ela não está preocupada com a situação política do país, porque é uma empresa privada”, argumenta  Travassos.

Gasolina em Eunápolis – No penúltimo levantamento da ANP, que considerou as datas de 6 a 12 de março, a Bahia também teve a gasolina mais cara do país, além do diesel. O preço de R$ 8,770 foi registrado na cidade de Eunapólis, no Sul da Bahia. Ele é 31,2% mais elevado que a média do litro de gasolina do Brasil, que ficou em R$ 6,683, naquela semana. Em Salvador, ela variava de R$ 6,74 a R$ 8, nesta quarta, segundo uma pesquisa no aplicativo Preço da Hora.

A empresária Djeile Dann, 34, que mora em Eunápolis, tenta economizar de todo jeito. Ela trabalha com limpeza industrial e entrega de água, com caminhões pipa, e tem evitado rodar com os veículos. “A gente vem reduzindo as voltas com o carro, melhorando a logística, para reduzir o custo. Sempre fazendo um roteiro antes de sair”, conta Djeile.

Ela diz que bastava R$ 300 para abastecer o carro, há um ano. Agora, precisa de R$ 500, ou seja, um aumento 67%. “Tive que aumentar o valor dos serviços, em torno de 12%. Mas o aumento para a gente acaba sendo muito mais, só que temos que segurar, para não perder cliente. Então, termina que não sobra dinheiro para a feira do final do mês”, explica a empresária.

Municípios com diesel mais caro da Bahia (preço médio)
1) Ilhéus – R$ 7,48
2) Itabuna – R$7,1
3) Paulo Afonso – R$ 7,096
4) Guanambi – R$ 7,018
5) Eunápolis – R$ 7,002
6) Valença – R$ 6,919
7) Juazeiro – R$6,893
8) Barreiras – R$ 6,858
9) Simões Filho – R$ 6,767
10) Salvador – R$ 6,655

Informações do Correio 24horas.