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A FANTASIA DA INDEPENDÊNCIA

Artigo do escritor e jornalista, Jolivaldo Freitas, autor de “A Engenharia e a História da Bahia” e Cemitério de Cães Noturnos”. Email: [email protected]

Lá se vão 200 anos do “Grito da Independência” e o Brasil ainda berra. A história tem seu viés muito complicado e quem a vive jamais verá seus resultados futuros e isso é uma predestinação: não poder confirmar nem desmentir os fatos. Foram duas centenas de anos para que o conceito da independência nacional fosse mudando de patamar e perfil. Pelo que os historiadores têm demonstrado, e cada um com uma nova teoria – algumas até de conspiração – só nos basta ficar cada vez mais doido, sem entender o que é essa tal de Independência do Brasil.

Sabemos, sim, com certeza, que Dom Pedro I e VI de Portugal gritou nas margens do riacho do Ipiranga (não, não era um rio caudaloso como o São Francisco, o Araguaia ou o Amazonas, dizem os especialistas) a frase “Independência ou Morte”, essa, sim, foi dita com raiva que estava dos parentes de Portugal queriam sua volta para campos lusos. Que deixasse o Brasil como estava. Ao sabor dos portugueses e até dos ingleses, que já se imiscuíam como minhocas abaixo do chão.

Daí com o passar dos anos aquilo que era uma bela fantasia escrita com luz e cores nos livros de história vai se dissolvendo como nuvem em dia de vento forte. As formas começando a se modificar e o que era um belo cavalo puro-sangue que carregava Dom Pedro no dia do grito, com todo garbo, se transformou na opinião dos pesquisadores num velho e rude jumento pois se sabe que cavalo não tem casco apropriado e nem força para enfrentar campo enlameado. O charme e altivez de Pedro, com a espada para o alto, elegantemente vestido com as roupas oficiais virou a triste realidade (ainda coisa dois historiadores) de estar mesmo era trajando roupas sujas, molhadas e comuns por que ele enfrentava tempestade. E estava sofrendo de tempestade intestinal.

Até se descobriu, isso os pesquisadores, que o 7 de setembro foi dia do grito, mas que a festa teria sido em 12 de outubro de 1922, data em que se comemorava na verdade o aniversário do imperador. E se os brasileiros pensam que logo depois do grito o Brasil, que nem país ainda era, sendo uma colcha de retalhos de norte a sul, precisando de costura e cola, se viu independente, está enganado por que Pedro deu o grito, mas continuava recebendo os da Corte Portuguesa, obedecia às ordens que fossem do seu interesse e a vidinha seguia em frente pelo Brasil afora.

Os portugueses é que se danaram, forçaram a situação e não teve mais jeito. E dizem que foi a princesa Leopoldina que o mandou tomar tenência. Partisse para a luta, e assim foi feito. Também já se sabe que foram os baianos é que perderam a paciência e se arvoraram sem ninguém pedir ou mandar, em lutar para expulsar as tropas leiais à Portugal. Colocar de vez para correr. O resto ainda é história até que venha alguém e mude o rumo da conversa.

Mas eu gosto mesmo é da fantasia. A realidade não tem tinta.