Principalmente após os efeitos da pandemia da Covid-19, a fome voltou a “assombrar” a população brasileira. Fotos de pessoas buscando descartes de alimentos para poder ter algo para se alimentar, infelizmente, se tornaram cada vez mais comuns. A Bahia é o quinto estado com a maior quantidade de habitantes em situação de Insegurança Alimentar (IA), com 9,38 milhões de pessoas, representando 62,6% da população baiana. Os dados foram coletados do levantamento “Olhe para a Fome” e organizados pelo Bahia Notícias.
Mais de 1,7 milhão (11,4%) de baianos estão em situação de fome, não tendo nenhuma refeição garantida em seu dia, sendo enquadrados na categoria de IA Grave. Sobre a IA Moderada, que também agrega a insuficiência alimentar das famílias, porém em uma escala menor, esse número sobe para 2,25 milhões (15%). Com quase 15 milhões de habitantes na Bahia, apenas 5,6 milhões (37,4%) possuem acesso pleno à alimentação, sendo categorizados em Segurança Alimentar (SA).
Na Bahia, 44,7% das crianças abaixo dos 10 anos de idade passam por dificuldades para se alimentar todos os dias, estando em IA Grave ou Moderada. Apenas 29,3% possuem acesso a alimentação sem restrições.
Na população adulta, os principais afetados pela fome são os trabalhadores informais ou desempregados, atingindo 42,1% dos habitantes nesta situação. Em relação aos trabalhadores formais, que possuem carteira assinada, a incidência de IA Grave ou Moderada tem forte queda, atingindo 11,5% da população.
Apesar de ter o seu menor índice desde 2015, a Bahia liderou a taxa de desemprego do primeiro semestre de 2022 sobre os outros estados do Brasil. Entre abril e julho deste ano, a porcentagem de desempregados do estado chegou a 15,5%. Além disso, os baianos estão entre os líderes de trabalhadores informais, com 53,1% da população ocupada sem registro na carteira de trabalho.
A escolaridade, pelo visto, parece ser fator fundamental para o combate contra a fome. 33% dos habitantes sem grau de instrução ou com menos de 8 anos de estudo passam por dificuldades alimentares na Bahia, enquanto para os baianos com mais de 8 anos de acesso à formação acadêmica essa incidência cai para 21,4%.
Vale lembrar que, nos últimos sete anos, o governo do estado diminuiu os investimentos em educação, conforme foi revelado pelo Bahia Notícias. Desde 2014, o setor de formação registrou uma perda de R$ 3,197 bilhões. Atualmente, apenas 11,76% do orçamento do governo da Bahia foi destinado para a educação.
O levantamento Olhe para a Fome realizou avaliação em 510 domicílios ao redor do estado da Bahia, chegando nas áreas urbanas e rurais. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022. Os resultados mostram desigualdades sociais e de acesso aos alimentos não apenas entre as macrorregiões, mas também entre os estados de uma mesma macrorregião.
FOME NO BRASIL
De acordo com a pesquisa, no Brasil se tem 125,2 milhões de habitantes em situação de IA. Do total, 33 milhões estão passando fome, ou seja, a cada 10 famílias brasileiras, 3 não possuem pelo menos uma refeição garantida por dia. Em 2020, havia 116,8 milhões de brasileiros com algum grau de insegurança. Sendo que 19 milhões já enfrentavam a fome no país.
À frente na Bahia na questão de IA, ficaram os estados de: São Paulo (26,1 milhões), Minas Gerais (11,2 milhões) e Rio de Janeiro (9,9 milhões). Em relação a incidência, a unidade federativa do Ceará liderou o quesito com 81,8% dos habitantes em situação de IA.
Para o lado de segurança, em questão quantitativa, o estado com maior quantidade de pessoas em SA foi São Paulo, com mais de 20 milhões. Em questões percentuais, a UF com o melhor resultado foi o Espírito Santo, com 61,1%.