O vereador Lukas Paiva (PMN) denunciou no plenário da Câmara Municipal de Ilhéus, ontem (terça, 24), que, enquanto o prefeito Jabes Ribeiro alega dificuldades para conceder a reposição salarial dos servidores, resolveu beneficiar o próprio irmão, John Ribeiro, pagando no mês de janeiro desse ano três salários de vez e mais 1/3 de férias, totalizando quase R$ 22 mil.
Segundo o vereador, o fato, por si só, já se configura imoral, mas a situação é ainda mais grave se levar em consideração que o irmão do prefeito é lotado como professor do Instituto Municipal de Ensino Eusínio Lavigne, mas nem no ano passado e muito menos esse ano deu sequer uma aula. Vale ressaltar que na época em que John Ribeiro recebeu esse salário ele acumulava a função de diretor do diretor da Bahia Pesca em Ilhéus.
Com base em um contracheque distribuído por líderes sindicais, Lukas Paiva chamou a atenção que o documento não mostra quais os meses que foram pagos ao irmão do prefeito, já que informações dos próprios servidores dão conta de que na ocasião apenas o salário do mês de dezembro e o 13º estavam em atraso.
O problema é que, ainda que tivesse tudo dentro da lei, o fato não deixa de ser imoral, já que os demais professores não receberam os salários de dezembro e o 13º no mês de janeiro, mas sim no início de maio. “Como é que pode o irmão do prefeito receber os salários antes dos outros servidores?”, questionou o vereador.
Outro detalhe denunciado por Lukas Paiva é que muitos professores ainda não receberam até agora o 13º salário do ano passado e Jabes Ribeiro não deu qualquer posição de quando esse vencimento seria quitado, mas o irmão do prefeito recebeu antecipado, sem ao menos ter ido trabalhar.
No contracheque apresentado por Lukas Paiva consta ainda que John Ribeiro recebe um salário mensal de R$ 6.565,25 como professor C do Ensino Fundamental, mas não deu nem uma aula. “Como é que o prefeito diz que a Prefeitura está sem dinheiro para dar a reposição aos servidores e paga esse salário milionário para seu irmão que não aparece para trabalhar”, denunciou Lukas Paiva.
JOHN RIBEIRO CONTESTA
Ao Blog do Gusmão, John Ribeiro rebateu a informação, numa resposta endereçada à sindicalista Enilda Mendonça, diretora da Associação dos Professores Profissionais de Ilhéus (APPI). Disse John ao site:
“Até porque a professora sabe que o dinheiro que recebi foi em decorrência da perseguição política que sofri, tendo meu nome retirado de folha logo depois das eleições. A única coisa que solicitei, em janeiro, foi que eu pudesse receber os salários referentes aos meses em que todos os demais servidores haviam sido pagos. Os períodos em que o ex-prefeito não pagou a todos, eu também não recebi, assim como aconteceu com o 13º salário, da mesma forma como ocorreu com meus colegas”.
E prosseguiu: “Eu sou professor há quase 30 anos do município, sou atuante e estava ministrando aulas normalmente quando fui retirado de folha. Portanto, não houve nenhum privilégio, como a presidente da APPI quis insinuar, numa tentativa de achincalhar meu nome”. Os R$ 14 mil que estão no contracheque mostrado pela sindicalista correspondem a dois meses de salários de 2012, mais o salário de janeiro e os benefícios a que ele faz jus, como anuênio e vale alimentação.