No último domingo (28) o programa Domingo Espetacular trouxe à luz uma realidade muitas vezes ignorada: Jequié, uma cidade do interior da Bahia, foi apontada como a mais violenta do Brasil. Enquanto grandes metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife ocupam frequentemente os holofotes da criminalidade, é Jequié que enfrenta uma batalha sangrenta entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas.
Localizada a 360 km de Salvador, Jequié testemunha uma escalada alarmante de violência, com índices que superam em muito a média nacional. Mas como uma cidade tão pequena se viu envolvida nesse cenário de violência extrema?
A resposta pode ser encontrada na geografia e na economia. Jequié, estrategicamente posicionada às margens da BR-116, principal rota de tráfico de drogas do Nordeste ao Sul do Brasil, tornou-se um ponto-chave para as organizações criminosas. A facilidade de escoamento de drogas pela rodovia alimentou o crescimento das facções na região.
A presença dessas organizações é visível nos quase 40 bairros da cidade, muitos dos quais dominados pelas facções rivais. A reorganização geopolítica do tráfico de drogas e armas desencadeou uma guerra urbana que ceifa vidas quase diariamente.
Um exemplo trágico é o caso de João Vitor, um jovem de 21 anos que desapareceu em circunstâncias obscuras. Embora não estivesse envolvido com o tráfico, João Vitor foi mais uma vítima dessa guerra que assola Jequié. Seu desaparecimento, ocorrido em um bairro controlado pelo PCC, ressalta a violência que permeia os diversos territórios dominados pelas facções.
A construção de um presídio na cidade em 1999 também é apontada como um fator crucial para a consolidação do domínio das facções. De dentro das prisões, muitas ordens de crimes são transmitidas, alimentando o ciclo de violência que assombra Jequié.
Profissionais que trabalham no sistema prisional vivem sob constante ameaça, enfrentando um ambiente pesado e volátil. A presença de diversas facções dentro das prisões aumenta ainda mais a tensão, tornando o trabalho desses agentes uma verdadeira batalha diária pela sobrevivência.
Enquanto isso, os confrontos frequentes entre criminosos e as forças policiais contribuem para a escalada da violência, deixando a população local refém do medo e da insegurança.
Em meio a esse cenário sombrio, Jequié clama por medidas efetivas que possam trazer paz e segurança para seus habitantes. Enquanto isso, a cidade luta para se libertar das garras do crime e recuperar sua tranquilidade perdida.