O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou nesta sexta-feira, quando é celebrado o Dia do Médico, um centro de atenção básica na região administrativa de Samambaia, a 25 quilômetros de Brasília, onde trabalham duas médicas brasileiras selecionadas pelo programa Mais Médicos. Padilha prometeu que, até o fim de março de 2014, todas as 12 mil vagas de profissionais de saúde solicitadas por prefeituras no país inteiro serão preenchidas pelo programa.
Atualmente, 1.061 profissionais contratados pelo Mais Médicos já estão trabalhando no país, segundo o ministério, enquanto outros 196 estrangeiros ou brasileiros formados no exterior aguardam o registro provisório.
– Os primeiros passos do Mais Médicos já surtem efeito no atendimento. As duas médicas do Mais Médicos que estão aqui dobraram a capacidade de atendimento da unidade de Saúde. E a presença do médico também estimula a melhorar a estrutura – disse o ministro.
Padilha afirmou que a medida provisória que criou o programa e foi aprovada pelo Congresso deverá ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff na semana que vem. Com isso, o Ministério da Saúde terá poder de conceder os registros provisórios, o que era atribuição dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), que vinham retardando a liberação das licenças.
Outros 2,2 mil médicos, sendo 2 mil deles cubanos, estão em processo de avaliação e deverão começar a trabalhar no fim do mês ou em novembro. Dois deles deverão ser designados para atuar na unidade visitada por Padilha, o Centro de Saúde 3 de Samambaia, que assim ficará com a equipe de oito médicos completa.
A ida de Padilha a Samambaia foi tumultuada pela decisão do ministro de acompanhar a visita de uma médica à residência de moradores da área mais pobre da região. Sem saber que Padilha iria ao local, as moradoras de um barraco com esgoto a céu aberto não gostaram da presença de fotógrafos e cinegrafistas na frente de casa e hostilizaram os profissionais de imprensa, falando palavrões.
Padilha ficou 12 minutos dentro do barraco, onde vivem pelo menos duas mulheres, uma delas gestante, e quatro crianças. O ministro não foi hostilizado. Ao sair, uma das moradoras olhou para ele e gritou:
– Por que esse tanto de Zé B… aqui filmando?
Padilha limitou-se a dar um meio sorriso e abraçou a moradora.
Ele não quis comentar a visita. A médica Fernanda Michelis, que é contratada pelo Mais Médicos, afirmou que terá que voltar à residência para repetir a visita, já que a ida ao lado do ministro acabou sendo tumultuada e não permitiu devidamente a realização do trabalho.
As equipes de saúde da família do Centro de Saúde 3 de Samambaia cobrem uma área de 22 mil moradores. Das oito equipes, porém, duas estão sem médicos. Faltam consultórios e, apesar de uma reforma estar em andamento, há problemas de infiltração. Uma sala de triagem, onde é feito o primeiro atendimento de quem procura o posto, foi instalada num antigo banheiro. Quando chove, as paredes dão choque. O ralo teve que ser vedado porque exalava mau cheiro.
Uma moradora que chegou à unidade depois que Padilha já fora embora, reclamou:
– Choveu, alagou o posto. Não tem médico. E, para marcar consulta, tem que vir no dia 1.o do mês. Depois disso, não se consegue marcar – disse a técnica em contabilidade Suelen da Silva Machado, de 27 anos, que é vizinha do centro de saúde e foi ao local hoje na tentativa de agendar um exame de saúde para o pai.