Nos últimos dois anos, o crescimento acentuado de leilões de imóveis tem chamado a atenção de analistas e do setor imobiliário. Dados revelam que o número de imóveis leiloados aumentou cinco vezes, reflexo direto da alta inadimplência. Esta realidade, frequentemente, surpreende famílias, gerando apreensão e incerteza diante da possibilidade de perderem o bem conquistado com muito trabalho.
A crise econômica, o encarecimento do custo de vida, juros elevados nos financiamentos e a diminuição do poder aquisitivo das famílias são fatores que justificam esse alarmante crescimento. Ademais, a falta de informação sobre como renegociar dívidas e o desespero gerado pela inadimplência agravam ainda mais a situação.
Se você está passando por dificuldades para honrar o financiamento do seu imóvel, é fundamental saber que existem alternativas antes que a situação chegue ao extremo de um leilão. Neste artigo, apresentaremos medidas práticas para evitar a perda do imóvel e regularizar sua dívida.
O que ocorre quando você não paga o financiamento?
O financiamento imobiliário é um contrato que envolve garantias reais, geralmente na forma de alienação fiduciária. Isso significa que a instituição financeira detém a propriedade do imóvel até que todas as parcelas sejam quitadas. Em caso de atraso no pagamento, o credor pode adotar as seguintes medidas:
✓ Cobrança extrajudicial: Nos primeiros meses de atraso, o banco notifica o devedor para regularizar o débito;
✓ Intimação para purgação da mora: Após 90 dias de inadimplência, o devedor é formalmente intimado a quitar os valores pendentes.
✓ Leilão do imóvel: Se a dívida não for saldada, o imóvel pode ser leiloado, deixando o devedor sem o bem e, muitas vezes, com um saldo remanescente da dívida.
Como evitar que seu imóvel vá a leilão?
1. Identifique o problema o quanto antes
Ao notar dificuldades para pagar as parcelas, busque o banco imediatamente. Não aguarde acumular meses de atraso, pois as chances de negociação são maiores nas fases iniciais de inadimplência.
2. Negocie com a instituição financeira
A maioria das instituições oferece alternativas para evitar o leilão, como:
✓ Refinanciamento da dívida: A dívida pode ser redistribuída em um prazo maior, diminuindo o valor das parcelas;
✓ Carência temporária: Algumas instituições permitem a suspensão ou redução do valor das parcelas por um período;
✓ Revisão de taxas: Em certos casos, é possível negociar a diminuição dos juros.
3. Considere a portabilidade do financiamento
Se o banco atual não oferecer condições satisfatórias, avalie a possibilidade de transferir a dívida para outra instituição financeira com taxas mais competitivas.
4. Venda do imóvel antes do leilão
Se a dívida for insustentável, vender o imóvel antes que ele vá a leilão pode ser uma solução. Assim, você evita prejuízos maiores, preservando seu nome e parte do capital investido.
5. Busque auxílio jurídico especializado
Se você perceber que está sendo prejudicado ou que a negociação com o banco está sendo desfavorável, consulte um advogado especializado. Ele poderá analisar o contrato e identificar possíveis abusividades, como juros excessivos ou cláusulas prejudiciais, e propor medidas legais para proteger o imóvel.
Como regularizar a dívida mesmo após o leilão?
Caso o imóvel tenha sido leiloado, saiba que ainda é possível recorrer:
✓ Direito de preferência: O proprietário original pode tentar reaver o imóvel no leilão, quitando os débitos pendentes antes da transferência definitiva.
✓ Ações judiciais: Dependendo das circunstâncias, pode ser viável contestar o leilão na Justiça, especialmente se houver indícios de irregularidades no processo.
O tempo é um fator determinante em casos de inadimplência. Quanto mais cedo você buscar alternativas, maiores são as chances de preservar seu imóvel. Procrastinar a solução pode resultar na perda definitiva do bem e ainda deixar marcas negativas no seu histórico financeiro.
A inadimplência é uma realidade que impacta milhares de brasileiros, mas é possível evitar que ela resulte na perda do seu imóvel. A chave para superar essa situação é agir de forma proativa, buscar informações, negociar com o banco e, se necessário, contar com apoio jurídico especializado.
Proteja seu patrimônio e assegure sua tranquilidade financeira.
Por Marina Arantes