Após 71 dias de intensos cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, uma história de luta e esperança ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (27). O pequeno Haynarú Rudá, considerado o bebê indígena com maior prematuridade já registrado na unidade, foi transferido para a UTI Intermediária, dando mais um passo rumo à alta hospitalar.
Haynarú nasceu no dia 16 de novembro, pesando apenas 980 gramas e medindo 37 centímetros, no primeiro dia da 26ª semana de gestação. Filho de pai Pataxó e mãe Tupinambá, seu nome carrega a força ancestral: “Haynarú” significa “Nasceu Caçador”, em Patxohã, língua dos Pataxó, e “Rudá” é a “Divindade do Amor”, em tupi.
Tradição e fé na recuperação
Desde o nascimento, a fé e as tradições indígenas têm sido pilares fundamentais na luta pela vida de Haynaruá. Rituais sagrados, como o Porancy, realizado pela comunidade da aldeia Itapuã, e cerimônias conduzidas por lideranças indígenas no hospital, têm fortalecido espiritualmente a família e mobilizado toda a aldeia.
Laís Eduarda, mãe de Haynarú e professora, se recuperou no hospital enquanto recebia o apoio emocional da equipe de psicólogos e terapeutas ocupacionais, além do carinho da comunidade. Segundo ela, a união entre ciência, fé e ancestralidade tem sido essencial nesse processo.
Hospital referência no cuidado aos povos indígenas
O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, inaugurado em 2021, é referência no atendimento humanizado e especializado aos povos indígenas. Além de ser a primeira maternidade 100% SUS no sul da Bahia, a unidade adapta suas práticas às especificidades culturais dos povos atendidos, incluindo dietas e ambientes adequados às tradições de cada etnia.
Com 105 leitos e estrutura moderna, o hospital já realizou mais de nove mil partos desde a inauguração, sendo 385 de bebês indígenas. Haynaruá Rudá é um marco dessa trajetória, representando a força de um atendimento inclusivo e eficiente.
Próximos passos na recuperação
Agora na UTI Intermediária, o pequeno Haynarú segue em tratamento semi-intensivo, com redução progressiva da gravidade dos cuidados. O próximo destino será a Unidade Canguru, um espaço que reforça o vínculo entre o bebê e sua família, mas ainda não há previsão para esse momento.
Enquanto isso, a força da comunidade e o cuidado do hospital continuam sendo fundamentais. Para Haynarú, cada passo é uma vitória não só para ele, mas também para as etnias Pataxó e Tupinambá, que veem na sua história a celebração da resistência, da fé e do amor pela vida.
