Ontem, durante manifestação, ao nosso ver legítima, contra o inexplicável, oportunista e ilegal aumento da tarifa de transporte em Ilhéus, três estudantes que participavam do ato, vale ressaltar, formado basicamente por estudantes, foram presos.
É sempre simbólico ver gente com farda escolar participando de atos reivindicativos. Até porque, a causa é mais do que justa.
Mas, oh seus “polícias”. Vocês têm plena certeza de que prenderam as pessoas certas?
Vejamos. Uma das funções primordiais das instituições policiais, em especial a PM, é agir no intuito de manter a ordem e garantir a paz social. Ante isso, questionamos: O que, ou quem causou a referida revolta popular de ontem, que culminou na interdição da ponte Lomanto Júnior?
Sim, é necessário atentar às causas, e não apenas focar nas consequências. Caso todos resolvessem agir assim, o combate à dengue, por exemplo, se resumiria a exterminar os mosquitos em fase adulta, negligenciando focos favoráveis para que suas larvas surgissem e evoluíssem ao formato pernilongo.
Mas enfim, será mesmo que o que causou a revolta dos estudantes foi apenas, como alguns classificaram, “a necessidade em aparecer, e certa propensão à baderna e ao vandalismo de tais alunos”?
Cremos que não.
Vejamos, algumas pessoas que se prestaram a estudar minuciosamente os estatutos das empresas que exploram o transporte coletivo em Ilhéus, e analisar planilhas e justificativas para o repasse do valor da tarifa, deixaram bem claro que tal é, além de ilegal, completamente descabido.
São inúmeras as irregularidades encontradas, e vão desde a eliminação de impostos concedidas pelo governo federal , flertando sorrateiramente com “espertices” para enganar o povo, através de fajutos cálculos, que “equacionaram” erroneamente a quantidade de ônibus disponíveis nas ruas, o número de passageiros e a quilometragem rodada. Uma verdadeira falácia, sem fundamentação alguma.
Tal situação foi devidamente debulhada, em um texto que publicamos na última sexta-feira, de autoria de Elisabeth Zorghet, representante do Diretório Central de Estudantes no Conselho Municipal de Transportes de Ilhéus. (LEIA AQUI).
A verdade é: Não há nenhuma necessidade para o aumento da passagem em Ilhéus, visto que, cidades maiores e com o quíntuplo da população, a exemplo de Aracaju, a tarifa custa R$ 2,50. Enquanto em Ilhéus, com um serviço de quinta categoria, e que não atende devidamente a demanda popular (quem se utiliza do serviço, sabe bem), querem empurrar guela abaixo, R$ 2,60.
Vale ressaltar que uma das famílias que comandam o transporte coletivo na cidade, foi uma das doadoras de dinheiro (R$ 150 mil), para a campanha do prefeito Jabes Ribeiro, em 2012. Logo, por uma questão de lógica, ante o velho “toma-lá-dá-cá” em voga nessas relações entre políticos e a iniciativa privada, é mais do que evidente que o gestor ilheense agirá sempre no intuito de retribuir a ajuda recebida. Nem que para isso seja necessário passar por cima da lei para reajustar a tarifa, e, por conseguinte, aumentar os lucros da família que muito lhe ajudou durante a campanha.
Só que, a população não pode pagar por uma dívida do prefeito. Isso é ilegal. E se é ilegal, os responsáveis devem ser punidos. Afinal de contas, qualquer cidadão que tenha conhecimento de tudo isso, no mínimo, além de ser seu direito, irá se revoltar e se manifestar. Nem que seja parando a ponte, para chamar a atenção da sociedade local, ante esse descalabro anunciado e explicitado nas fuças da população.
Alô polícia. Vocês tem certeza que prenderam os caras certos?
Porque a notícia não para 
