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O FULECO NÃO REPRESENTA A TORCIDA NOS ESTÁDIOS. VIDA LONGA AO COXECO!

LEONARDO SAKAMOTO/ BLOG DO SAKAMOTO
Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Não há uma única definição do que é ser um “coxinha”. Gíria aqui de São Paulo, serve para definir pessoas individualistas, conservadoras, convencionais e que fazem de tudo para se diferenciar da massa. Não tem a ver com caráter. É um rótulo e, como todos os rótulos, tende a ser bobo e simplista.
Alguns coxinhas possuem paranóia com segurança, mas querem ser simpáticos, engraçados, gente boa. Outros coxinhas não têm muito senso de ridículo, mas também não percebem isso. Por exemplo, alguns gostam de deixar claro a marca de roupa ou da bolsa que estão usando, como uma forma de cartão de visitas. Ou de falar alto em um restaurante que eles “estão pagando” pelo serviço e querem o melhor da vassalagem. Ou se sentirem “gente diferenciada”.
Fuleco, o Tatu-Bola, foi eleito como mascote da Copa do Mundo de 2014. Seu nome foi “escolhido” a partir de uma votação e vem da junção das palavras Futebol e Ecologia – o “entre aspas” é por conta do fato de que dar três opções ridículas (soma-se a essa Amijubi e Zuzeco) e achar que isso é liberdade de escolha é o ó do borogodó. Mas é Fifa.
Por discordar de que um tatu-bola com problemas para combinar as roupas do armário fosse o real mascote que #representa parte da torcida brasileira que iria aos estádios, um grupo de amigos meus (a maioria jornalistas e advogados desqualificados como este que vos escreve) teve a ideia de criar o “Coxeco”, o verdadeiro mascote dos coxinhas do Brasil.
Com a ajuda do excelente estúdio de criação Pingado, ele surgiu. E tem sido resgatado toda vez que o coxismo grassa pela rede, uma espécie de Gorpo, do He-Man, sempre pronto a trazer lições para as novas gerações de coxinhas.
O Coxeco ficou muito feliz quando conheceu o “Rei do Camarote” no ano passado, a partir da sensacional reportagem da Veja Sao Paulo sobre os “sultões dos camarotes” das baladas de São Paulo, que gastam dezenas de milhares de reais no intuito de se exibir e conseguir companhia. Sentiu-se acalentado pela sentimento de pertencimento a um grupo.
O Coxeco também ficou muito feliz quando viu a Polícia Civil lançando bombas de efeito moral em pessoas com dependência química, na região da Cracolândia, Centro de São Paulo, no ano passado. Ele acha que a prisão de traficantes foi uma excelente justificativa para a operação. Afinal de contas, dar trabalho e moradia para vagabundo não resolve nada. Só a porrada resolve.
E o Coxeco ficou radiante depois que shopping center chiques em bairros nobres da capital paulista conseguiram liminares judiciais para garantir que rolezinhos não ocorressem em suas partes interna e externa, mas pouco se importam com estudantes de importantes faculdades da capital que vêm fazer seus flash mobs comemorativos em suas dependências. E entrou em estado de graça, com um sorriso que não mais saiu de seu delicioso rosto empanado, quando soube que seguranças, advogados e até um oficial de Justiça plantaram-se nas portas para selecionar as pessoas com menos de 18 anos que poderiam entrar no prédio.