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O CRISTIANISMO EM SUA DIVERSIDADE

JULIO GOMES

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC.

Podia ser preconceito, ignorância ou mesmo má vontade. Porém, o fato é que as via como uma forma de extorquir dinheiro das pessoas menos esclarecidas, como uma espécie de charlatanismo revestido de igreja.Houve um tempo em que eu tinha a uma percepção muito ruim acerca das diversas igrejas evangélicas, indistintamente.

Entretanto, os anos se passaram, e as mudanças que a mensagem de Cristo realizou na vida das pessoas que frequentavam estas igrejas forçou-me a uma revisão de conceitos.

Via nos frequentadores daquelas humildes igrejas – hoje não mais tão humildes – a sinceridade de propósitos em seguir aos princípios cristãos de fraternidade. Vi as pessoas largarem a bebida e outros vícios terríveis. Vi a valorização da família no respeito entre marido e esposa, e aos filhos. Testemunhei a correção de procedimentos de muitos dos seguidores destas igrejas, de modo a tornar àquelas pessoas modelo de conduta, na vida profissional e privada.

Não obstante, continuei a frequentar a igreja católica, só que com atenção cada vez maior às leituras do evangelho e às palavras do padre, que as interpreta e amplia, introduzindo novos conceitos e exortando à prática da virtude e coerência cristã.

Continuei também a frequentar aos centros espíritas onde sempre encontrei não somente uma forte palavra de compreensão acerca da superação das dificuldades da vida, e de amor ao próximo, como também esclarecimento maior sobre as questões ligadas ao cristianismo, aos fenômenos relacionados ao mundo espiritual e às barreiras que temos de vencer em nossa jornada pela Terra.

É bom esclarecer que o espiritismo tem no cristianismo a sua fonte de luz e de doutrina, com a obra O Evangelho Segundo o Espiritismo expressando esta aliança inafastável com os princípios e práticas tão zelosamente ensinados por Jesus.

Hoje, para surpresa de muitos e de mim mesmo, vejo com alegria a disseminação das chamadas igrejas evangélicas, sobretudo nos espaços mais humildes, onde os demais representantes do cristianismo parecem ter maior dificuldade para se estabelecer.

Vejo com igual alegria a renovação da Igreja Católica expressa no Papa, nos bispos e nos padres que conheço, cada vez mais humildes, cada vez mais humanos e solidários, cada vez mais próximos da prática de vida exemplificada por Jesus.

E vejo com satisfação encher-se o centro espírita de pessoas ávidas de compreenderem os fenômenos da vida à luz do cristianismo, e de partirem para uma renovação interior que as leve a ser pessoas melhores.

O mundo tem fome e sede da palavra de Jesus, e da profunda paz que ele propicia. No Brasil cheio de violência, desamor e vícios em que vivemos, esta falta de Cristo parece ainda maior.

É um privilégio e uma riqueza termos, no Brasil, tantas diferentes formas de acesso ao Cristo: nas Igrejas Evangélicas, na Igreja Católica, nos Centros Espíritas. Devemos preservar esta diversidade e respeitarmo-nos mutuamente, de modo que cada pessoa escolha o culto, igreja ou doutrina que lhe pareça mais adequado, onde se sinta melhor, onde se encontre mais a vontade para aproximar-se de Cristo e, portanto, de Deus.

A cada um, segundo as suas escolhas e obras.