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POR QUE VOTAR EM DILMA?

JULIO GOMES

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC.

Nestes tempos de debates eleitorais acalorados, os candidatos expõem suas realizações, fazem as famosas promessas, ou propostas, e atacam-se mutuamente, com maior ou menor eficácia.

Felizmente os argumentos expostos no horário eleitoral gratuito não balançam a convicção do meu voto, apesar das inegáveis habilidades dos profissionais de marketing que atuam, a peso de ouro, nas campanhas presidenciais.

É que, embora preste muita atenção aos números, aos discursos e aos programas, meu voto foi decidido, em grande parte, com base no passado e no que acontece na esquina, no supermercado, no trabalho, no cotidiano mais singelo, e aparentemente mais dissociado das questões políticas.

Explico-me melhor: Não me passam despercebidos certos acontecimentos. Um deles é ver, todos os dias, nas obras de um novo prédio situado ao lado de meu local de trabalho, parte dos operários da construção civil chegando para trabalhar de motocicleta 125 ou 150 cilindradas, de cinquentinha, de carro, ainda que seja um Fiat Uno ou outro modelo mais antigo, mas em boas condições de uso.

Lembro-me do tempo em que o sonho de qualquer peão de obras era conseguir comprar uma bicicleta Monark, talvez usada, para ir ao trabalho e economizar o dinheiro das passagens para a compra de tudo o que faltava, do essencial.

Também me lembro de um passado bem recente, de pouco mais de dez anos atrás, quando colocávamos um móvel usado na rua e ele sumia tão rápido quanto misteriosamente, fosse para uso como mobiliário, fosse para uso como lenha, para cozinhar. Hoje os móveis usados apodrecem na rua, ao sol e à chuva, até desmancharem-se ou serem recolhidos por um caminhão da prefeitura.

Ainda há 15 ou 20 anos atrás lembro-me de entrar em supermercados quase sempre vazios, que só se povoavam ao final do mês, nos dias de pagamentos. E vivenciei, eu mesmo, a rotina de comprar sempre o básico: feijão, arroz, carne, açúcar, macarrão, farinha, porque artigos como biscoito recheado, iogurte, frutas finas, presunto e mussarela não estavam ao alcance da classe trabalhadora, que tinha de se contentar, no máximo, com a Sadilar e o biscoito Pocazoi. E dávamos graças a Deus por isso.

Ouço as palavras de um velho trabalhador rural de 82 anos, que me diz: “Meu filho, hoje em dia todo mundo é rico!” enquanto pessoas mais jovens dão risada… Mas eu concordo plenamente com ele: nunca os mais pobres tiveram tantas roupas, tantos móveis, tantos utensílios, tantos alimentos, tantas oportunidades de escolha, tanta perspectiva de um futuro melhor!

E vejo a filha deste mesmo senhor – ela que um dia saiu de Ilhéus para buscar uma vida mais digna em São Paulo, trabalhando duro como empregada doméstica – encontrar-se aposentada e vir visitá-lo duas vezes ao ano… De avião, pois ônibus tornou-se coisa do passado!

Por fim, me felicito e me emociono com o caso de uma conhecida, moradora do Banco da Vitória, cuja filha estudou na escola pública, passou para Biomedicina em uma Universidade pública, fez o curso e hoje se encontra estudando na América do Norte, financiada pelo programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal.

Que se danem todas as propagandas, todas as falácias. Eu olho para o passado recente deste país, olho para os lados e vejo que quem quer estudar e trabalhar tem, hoje, a expectativa concreta de viver com dignidade.

Por isso, não voto apenas em Dilma e em Lula. Voto em cada um destes brasileiros, para que eles continuem tendo a perspectiva de um futuro mais justo e mais feliz.