ILHÉUS 24H :: Porque a notícia não para. Porque a notícia não para

A CEPLAC, A UESC E A REGIÃO CACAUEIRA

JULIO GOMES

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Dia destes recebi, por parte de pessoa a quem muito prezo, um mordaz questionamento acerca de ressaltar, ao assinar os textos que produzo, o fato de ser graduado em História e em Direito pela UESC.

Compreendi que a interpelação se dava em virtude de parecer arrogante explicitar as duas graduações obtidas, como se isso bastasse, por si só, para qualificar os textos produzidos; ou como se fosse mera ostentação imposta às demais pessoas.

Desfaço, pois, esta interpretação a que involuntariamente dei ensejo, e passo a colocar o que se faz necessário quanto a este fato.

Houve um tempo em que a principal instituição que fomentava o desenvolvimento desta Região era, sem dúvida, a CEPLAC. Criada pelo Governo Federal em fins de 1950 com o objetivo específico de estimular a lavoura cacaueira, promoveu de fato, com base em suas pesquisas, no trabalho de seus técnicos e na assistência prestada a grandes e pequenos produtores, o desenvolvimento nos municípios aqui existentes.

Indo além de suas atribuições originais, a CEPLAC também supria deficiências que, a rigor, não lhe caberiam, tais como abrir estradas com suas máquinas e promover o ensino superior, o que foi feito mediante a criação da FESPI – Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna.

Entretanto, ouso dizer que a cria se mostrou muito melhor do que a matriz!

Criada no início da década de 1970 e mantida com recursos da CEPLAC, a FESPI congregou, inicialmente, as faculdades de Direito de Ilhéus e de Economia e Filosofia de Itabuna, criando no campus recém inaugurado junto ao Salobrinho um ambiente propício à disseminação de outros novos cursos, sobretudo na área de Educação (Ciências [Física, Química, Biologia, Matemática em licenciatura curta], Pedagogia, Letras e Estudos Sociais), possibilitando o acesso ao estudo de nível superior a um grupo bem mais amplo do que aquele restrito às pouquíssimas famílias que podiam manter um filho estudando em Salvador ou nas universidades do eixo Rio – São Paulo.

Desde então a FESPI só fez crescer e melhorar! Primeiro foi a transformação de todos os cursos de Educação para licenciatura plena. Depois veio a criação de novos cursos, como o de Enfermagem. Paralelamente, houve uma qualificação contínua dos profissionais (professores e servidores), dos cursos oferecidos e dos alunos formados, com reflexo extremamente positivo sobre o mundo do trabalho, sobre a economia e na democratização das relações sociais em nossa Região.

Ao fim da Década de 1980, após intensas lutas e uma greve que durou meses, quase inviabilizando todo um semestre, os alunos, com apoio da comunidade regional, conseguiram extinguir o pagamento das mensalidades e colocar a Faculdade no orçamento do Estado da Bahia, estadualizando-a em 1991. Nascia, assim, a UESC.

Os avanços continuaram. Vieram os cursos de Veterinária e Medicina, os diversos cursos de Engenharia, as primeiras pós-graduações na UESC, as políticas de permanência em favor dos estudantes carentes e a consolidação da Universidade como fator de desenvolvimento social, regional e humano.

Hoje, com mais de 40 anos de existência, a UESC tem 33 cursos de graduação e milhares de alunos matriculados. É, inquestionavelmente, a mais importante instituição pública que atua em favor do desenvolvimento regional.

Para mim, que tive a oportunidade e a honra de cursar duas graduações nesta instituição, citá-la é um preito de reconhecimento, de carinho, de humildade, de satisfação. É como se eu pudesse, em retribuição, dizer-lhe: Obrigado UESC, valeu a pena!