ILHÉUS 24H :: Porque a notícia não para. Porque a notícia não para

POPULAÇÃO SOFRE PARA SER ATENDIDA EM AGÊNCIA DO BB DE CAMAMU E BANCÁRIOS PENAM COM A INSEGURANÇA

camamu

Os poucos mais de 36 mil habitantes da cidade de Camamu, localizada na Costa do Dendê, no sul da Bahia, vem sofrendo para serem atendidos na única agência do Banco do Brasil que possuem. O motivo é simples: falta de funcionários.

O resultado são filas gigantescas e a espera por mais de duas horas para conseguir realizar um procedimento comum, que em outro banco mais equiparado levaria no máximo 30 minutos.

Outro fato que assusta a comunidade e o staff bancário é a falta de segurança, já que este mesmo banco já foi assaltado e seu tesoureiro sequestrado.

De posse das denúncias do que estava acontecendo, o SEEBI (Sindicato dos Bancários de Ilhéus) foi conferir in loco o que estava ocorrendo e o resultado dessa blitz foi “assustador”: idosos desamparados – sem conseguir sacar seus benefícios; agência lotada; bancários trabalhando além da jornada de trabalho normal (extrapolando em até cinco horas a jornada de trabalho) – para poderem atender as demandas; funcionários com problemas de saúde por conta do stress causado pela sobrecarga de serviços; falta de papel ofício e até mesmo papel higiênico.

Segundo o SEEBI, no passado, o BB de Camamu já teve em seu quadro 32 funcionários, hoje conta com seis e mais um estagiário. “Conforme as diretrizes, o quadro total dessa agência deveria ser de 11 servidores, que mesmo assim não dariam conta da demanda, mas amenizaria os problemas com atendimento ao público”, disse Rodrigo Cardoso, presidente do SEEBI.

A população está insatisfeita e revoltada com a situação, como conta Dona Edite Barbosa Mendes, 76 anos, que chegou às 08 da manhã na agência e até as 11 não tinha conseguido sacar sua aposentadoria. “Eu sei que o banco abre as nove, mas vim mais cedo pra ver se saía mais cedo também, porém até agora ninguém veio ajudar a tirar meu dinheiro, aí eu fico aqui esperando, por que não sei mexer nessas máquinas e não posso pedir a qualquer um pra fazer isso”, relata dona Edite.

O problema está atingindo todas as classes da cidade, desde a mais carente até as que têm condições financeiras mais estabilizadas. A presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Camamu), Neyla Maynart de Carvalho, diz receber várias reclamações dos comerciantes, pedindo que a CDL se posicione ou busque uma solução para “o caos que se instalou no BB”.

“Do jeito que está não pode ficar. Os funcionários se esforçam, mas não dão conta. A demanda de nossa cidade é muito grande, pois recebemos clientes de outras praças. Já fiz reclamações pelo 0800 e nunca recebi um retorno de nossas queixas. Parece que esqueceram Camamu”, revela a presidente.

Pedindo para não serem identificados, por medo de represálias, alguns bancários confirmam a situação que o SEEBI encontrou no Banco do Brasil de Camamu. “Nós temos uma média de 300 atendimentos por dia. Quando algum colega falta, por problemas médicos, a coisa complica mais ainda. Tentamos fazer o possível, chegamos mais cedo, saímos mais tarde, mas não tem jeito, não conseguimos dar conta”, contam eles.

Eles ainda revelam que “estão tendo que comprar, com recursos pessoais, papel higiênico e papel ofício” para a agência e que já chegaram a sair do trabalho às 20:30h.

Todo material colhido na blitz do SEEBI em Camamu será anexado ao processo judicial que o sindicato moverá contra o Banco do Brasil, pedindo reparação aos danos sofridos pelos servidores e preenchimento do quadro de funcionários. “Assim que cheguei à agência retirei uma senha de atendimento, isso às 10 da manhã. Essa senha só foi chamada às 14h e 37min, ou seja, mais de quatro horas de espera. A população não quer saber disso, acha que a culpa é dos funcionários e passa os agredir de todas as formas possíveis, causando danos psicológicos que afetam as vidas dessas pessoas”, diz Waldemir Correia, secretário geral do SEEBI.

Insegurança – A falta de segurança é constante. O contingente policial da cidade de Camamu é pequeno, fato que deixa os bancários da cidade em alerta o tempo todo, pois as agências da cidade, principalmente a do Banco do Brasil, vêm sendo vitimas de assaltos e explosões de caixas eletrônicos frequentemente. O caso mais contundente e que deixou mais sequelas foi o sequestro da família de um dos servidores do BB de Camamu, ocorrido em 2013.  Segundo informações do Sindicato, “até hoje esse funcionário tem que tomar remédios e fazer avaliações psicológicas para superar o trauma”.