Ainda estou perplexo e atônito, mas não é somente pelo mau cheiro de lixo que exala por toda a cidade. Mais adiante eu explico.
Por sinal, é tanto lixo que não coube numa reportagem apenas. Isso mesmo, a TV Santa Cruz fez uma série de três reportagens (pelo menos até agora) sobre a vergonha e o absurdo do lixo acumulado em Ilhéus.
A primeira foi exibida no último dia 07, no telejornal do meio-dia, sobre o lixo na praia da avenida Soares Lopes. A segunda matéria, exibida no dia 09, no telejornal da noite, sobre o lixo transbordando dos contêineres/conchas do centro da cidade. A terceira reportagem, claro, não podia faltar, foi sobre o famigerado lixão do CAIC, exibida no dia 10, no telejornal da manhã e reprisada no telejornal do meio-dia.
A prática da imprensa é ouvir os dois lados, daí, se dirigir ao poder executivo municipal em busca de justificativas e argumentos. A resposta é sempre a mesma: “A coleta é feita diariamente”. Tudo bem, deixa pra lá, as imagens de lixo acumulado, por si só, atestam, digamos, uma realidade diferente.
Mas é agora que vem minha perplexidade.
Especificamente na reportagem do lixão do CAIC, um porta-voz da prefeitura (não sei porque não aparece na tela concedendo entrevista) informou à repórter, segundo conteúdo da reportagem, que “a prefeitura não tem obrigação de recolher aquele tipo de lixo”.
Ora, onde é que nós estamos?
Então a prefeitura também não terá atribuições para assuntos correlatos ao lixo, tais como controle de zoonoses e dengue, saúde pública e meio ambiente?
Assinou, assim, um atestado de conivência e cumplicidade?
Por mais que haja brecha em lei ou qualquer código municipal que permitam alguém falar uma barbaridade dessas, não há sequer a menor consideração ao contribuinte que paga seus impostos e tem sua qualidade de vida e saúde afetadas pela infelicidade de morar no entorno?
E o que me diz do lixo ser depositado em plena via pública, área de responsabilidade do município?
Cadê o compromisso moral com a população? Não há moral?