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1ª CAMINHADA DE MULHERES DE ILHÉUS

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

“Lugar de mulher é onde ela quiser”, “O corpo é meu, quem decide sou eu” “Patrão, exploração não!”. Com essas palavras de ordem, saiu às ruas de Ilhéus a 1ª Caminhada do recém formado grupo Mulheres em Ação, e percorreu as principais ruas do centro da cidade, na manhã do último sábado (14).

A população acolheu com um misto de surpresa e apoio ao evento único de rua acontecido neste mês de março em Ilhéus. O mês de março é marcado pelo dia 08, cuja data foi considerada o dia internacional de lutas das mulheres por igualdade e direitos.

Uma das organizadoras, Emilie do Valle, pondera: “o oito de março não é um dia de comemoração, mas de reflexão na luta de mulheres contra as opressões. Essa caminhada foi sendo articulada espontaneamente por diversas mulheres a partir da observação de que esta data passaria sem referência local. A data, hora e local, um sábado a partir das 10h, atendeu à necessidade de proximidade do nosso centro comercial e pegá-lo aberto”.

Foi isso que possibilitou, inclusive, a denúncia do tratamento dos patrões de duas grandes lojas, a Insinuante e a Ricardo Eletron na cidade, em cujas portas foi feito um jogral denunciando a super exploração e jornada dupla e tripla das trabalhadoras. 

Assim, a caminhada contou com a adesão e apoio de importantes lideranças e instituições locais como INI – Instituto Nossa Ilhéus, Gabriela FM,  Conquista Fm, banda feminina Mulheres em Domínio Público, Associação de Moradores do Hernani Sá, banda afro feminina Mini Kongo, grupo de Turbanteiras e aliados homens “Filhos de Mulheres”.

Foi amplamente divulgada na cidade por meio de blogs, rádios e contatos pessoais com Grupo de Cáritas, com a delegada da DEAM, Associações, mulheres de assentamento, professoras, estudantes, liderança do candomblé e outras lideranças locais.

A concentração, na avenida Soares Lopes , espaço misto de ocupação comercial e residencial e simbólico para a população local como de grande beleza cênica e de status, foi simbolicamente ocupado pela caminhada, no reconhecimento do exercício do direito à cidade. Nesse momento, houve breves debates acerca da realidade local.

O INI voltou a afirmar que o conselho municipal de Meio Ambiente é atropelado pelo governo municipal. A representante da banda Domínio Publico expôs a dificuldade de gravar as músicas entoadas por marisqueiras e pescadoras, alertou que estão sendo abandonadas pelas atuais praticantes pelo advento das músicas urbanas e cânticos de igrejas pentecostais.

A estudante de Direito Luhana Oliveira compartilhou a angústia das jovens estudantes pela remoção de todas as conjugações de gênero no texto do PNE (Plano Nacional de Educação) aprovando seu conteúdo sem estabelecer por exemplo,  no currículo educacional os temas referente às violências contra as mulheres. 

A associação do bairro Hernani Sá se colocou à disposição para realizar atividades de formação com a comunidade carente local. A representante das Turbanteiras defendeu o turbante como um dos símbolos da estética negra e como meio de politizar o debate sobre empoderamento de mulheres negras. As mulheres organizadas em torno da Campanha 1% do PIB Pela Vida das Mulheres aproveitou o espaço para colher assinaturas de apoio e divulgação da campanha também disponível na fanpage do grupo. Assim, por volta das 13h a caminhada foi encerrada, antes tendo sido saudados os presentes com o compromisso de continuidade da ação. Emilie do Valle, uma das organizadoras da caminhada e também da fanpage  MULHERES EM AÇÃO avaliou como positivo e conclamou as mulheres de Ilhéus a permanecerem mobilizadas na luta:

“Juntem-se a nós, curtam nossa fanpage, participem da administração e organização, este é um espaço que se propõe democrático e horizontal, sem donas ou donos, mas de exercício do poder de mulheres assumindo seu próprio destino.”

“Teremos mais atividades. Continuaremos a convidar todos os movimentos e as mulheres de Ilhéus que lutam contra as violências com as mulheres para a próxima caminhada e próximo encontro que brevemente será divulgado nas redes sociais e nos meios de comunicação local. Participe você também!”, ressalta a estudante Luhana Oliveira.