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SOBRE O IMPEACHMENT

JÚLIO GOMES
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.
Júlio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Nesta semana em que será votado o impeachment da Presidente da República tenho visto milhares de brasileiros clamando para que Dilma seja retirada do poder em virtude de má conduta moral, senão dela, de pessoas de seu partido e que compõem seu governo, e que de escândalo em escândalo fulminaram a esperança dos brasileiros de ter um governo mais justo, mais transparente, mais honesto.

Embora entenda que Dilma, ela mesma, não tenha cometido crime de responsabilidade que justifique o impeachment, tenho de concordar com os que se indignam com o mar de corrupção em que se converteu boa parte de seu governo – que não é só do PT, é também de todos os demais partidos que o compõem.

Também tenho visto, por outro lado, pessoas dizendo que não adianta tirar Dilma para colocar no poder um Vice-Presidente que também preside um PMBD tão enfronhado em graves acusações quanto o próprio PT, e que o tempo todo conspira pela queda da Presidente unicamente para tomar-lhe o lugar. E que de nada adiantará retirar Presidente e Vice para colocar no Poder o sulista Eduardo Cunha, Presidente da Câmara; ou o nortista Renam Calheiros, Presidente do Senado – ambos acusados de prática reiterada e contínua de atos de corrupção.

Reconheço que esta última análise também apresenta, em seus argumentos, sólidas razões.

Neste mar de lama parece-me o melhor optar pela saída juridicamente mais adequada, que é a de não aplicar o impeachment se a Presidente não cometeu crime de responsabilidade – pois pedalada fiscal não configura tal conduta – e aproveitar o ensejo para externar que não me sinto vinculado à defesa de corrupto algum, seja ele da esquerda ou da direita, da oposição ou da situação.

Cada um que colha o que plantou. Que carregue o fardo que lhe cabe em função de seus atos. Que assuma sua responsabilidade e cumpra seus deveres, de cidadão, de profissional, de pai ou mãe de família, de filho ou filha, de irmão ou irmã em Cristo.

Sei que tal posição pode parecer despolitizada. Talvez até seja. Mas penso que posicionamento partidário não supre ausência ou má formação de caráter, e acredito que cada adulto maior e capaz deve responder por si próprio, diante da sociedade e de sua própria consciência, em função das responsabilidades que lhe cabem.

Todo o resto me parece, cada vez mais, discurso político-partidário de ocasião. E assim como a imensa maioria dos brasileiros, estou mais do que farto disto.

Chega de corrupção. Mas chega também de oportunismo e de falso moralismo.