MÁRIO SCHNEIDER SHI
De ti me despeço, após tão curta convivência.
Nem tudo foram flores, quer dizer, quase nunca flores,
Sempre divergindo, contradizendo e respeitando o discordar,
Foram tempos bons, imaturos, de curiosa descoberta.
Essa rebeldia que hoje você nos permite,
Há duras penas, através de você, aprendemos a valorizar.
Açoitada, fuzilada, pisoteada por coturnos engraxados…
Querida, obrigado por me permitir vaiar-te.
Obrigado por me permitir bater panela, gritar e o mais importante,
Cumprir meu cívico dever de dizer o que penso, como penso, livremente.
Você que é um terror para os que detém poder, pois o populariza.
Que permite plebiscitos, referendos e iniciativas populares.
Que sobrevive ao uso da força, aos cassetetes e as bombas de efeito ‘moral’.
É com pesar que escrevo-te, pois duros tempos virão,
E com o seu aprendizado que sei, nada vem tão fácil.
E vai ter luta, muita.
Tchau, tchau, querida Democracia,
Até breve!