Até final do ano (2017) 20 casarões do Centro Histórico de Salvador (CHS) devem mudar de ocupações para atender contingenciamento de recursos púbicos e a política pública estadual em benefício da região. O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) é o órgão responsável por essas mudanças e dispõe de 60 casas no perímetro do CHS, tombado como Patrimônio do Brasil pelo governo federal, via IPHAN/MinC, e chancelado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. “Esses imóveis serão ocupados por importantes projetos artísticos, culturais, sociais e de economia criativa para, de forma articulada, dinamizar ainda mais o CHS”, afirma o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira. O IPAC é vinculado à Secretaria de Cultura (SecultBa).
O dirigente estadual informa que o IPAC também terá sua sede transferida para o antigo prédio dos Correios, na esquina da Rua Ordem 3ª e Praça do Cruzeiro, em frente à Igreja de São Francisco. “A antiga sede do IPAC será ocupada pelo ‘Casarão da Diversidade’, uma parceria da SecultBa com a Secretaria de Justiça Direitos Humanos (SJDHDS) e a UFBA, para o combate ao tráfico de pessoas, atendimento aos adolescentes e ao público LGBT”, diz João Carlos. Esse prédio do IPAC é do século XVIII, com cinco andares, tombado como Patrimônio Nacional (1941) e fica na esquina das ruas Saldanha da Gama e 28 de Setembro, próximo ao Viaduto da Sé.
RECURSOS, RUMPILEZZ e MUSEUS – “A mudança da sede do IPAC promove melhor uso de recursos públicos para a administrar os prédios, com economia de energia elétrica, abastecimento de água e diminuição de terceirizados para vigiar menos imóveis”, comenta o gestor. O IPAC mudará quatro diretorias, seis gerências, cinco coordenações, além de dezenas de setores. “Essas ações integram as metas comprometidas com a Secretaria da Fazenda (Sefaz) para diminuir os custos e otimizar a administração do IPAC”, lembra João Carlos.
Outra mudança será no sobrado de três andares do Terreiro de Jesus, nº1, que está vazio. “Nesse imóvel serão sediadas as Orkestras Rumpilezz e Rumpilezzinha, que passarão a ter espaço de alta visibilidade para trabalhos educativos, artísticos, ensaios e apresentações, movimentando mais a região”, conta o diretor do IPAC. Já o Solar Ferrão, prédio de seis andares do século XVIII, localizado da Rua Gregório de Mattos, nº45, passa a sediar a Diretoria de Museus (Dimus). Até o final do ano (2017), a Dimus/IPAC reabre cinco coleções de arte (sacro-europeia, africana, popular e instrumentos musicais) para visitação gratuita nesse imóvel.
NOVOS PROJETOS – Mais projetos estão se instalando no Pelourinho, via IPAC, como a Associação Awá de Ações Afirmativas e a Organização Filhos do Mundo, no imóvel nº8 da Rua João de Deus, Pelourinho. Eles trabalham com a produção e comercialização de cosméticos naturais a partir da Rede de Horto de Plantas Medicinais e Litúrgicas (RHOL). O projeto ganhou o Edital de Fomento à Empreendimentos de Matriz Africana da Secretaria do Trabalho (Setre). “Desenvolvemos a ação com 10 terreiros de candomblé distribuídos em cinco municípios da Região Metropolitana de Salvador, agora com sede no Pelourinho”, relata Suely Conceição, vice-presidente da Awá.
A maior organização de favelas do país, a CUFA também já está no Pelourinho em imóvel do IPAC na Rua Gregório de Mattos. A CUFA está presente em 26 estados brasileiros e países como Bolívia, Alemanha, Chile, Hungria e Itália, dentre outros. No CHS a CUFA promove articulações, cursos e treinamentos. Outras incubadoras e entidades devem se instalar nos casarões do IPAC nas ruas Saldanha da Gama e 28 de Setembro integrando o Distrito Criativo do Pelourinho que deve influenciar economicamente a área. O IPAC tem outros imóveis com ocupações bem sucedidas: Balé Folclórico (https://goo.gl/jZQjJN), Cine XIV, projetos Axé (https://goo.gl/34bd1a) e Mandinga/Capoeira, além da livraria Mídialouca, Museu da Música Brasileira, casas das Filarmônicas e da Residência Artística do Pelourinho, dentre outros.
ECONOMIA CRIATIVA – Segundo dados da Federação das Indústrias do Rio, a Economia Criativa no Brasil já movimenta R$ 155,6 bilhões (2015) com 239 mil empreendimentos em todo o país. Em setembro (2017), o IPAC promoveu um Workshop Internacional de Distritos Criativos em parceria com a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação (Secti). No evento, foram apresentados os casos bem sucedidos de economia criativa em Lisboa (Portugal), Medellín (Colômbia), Buenos Aires (Argentina) e Rio de Janeiro (Brasil).