A festa popular da Puxada do Mastro de São Sebastião, tradicional manifestação cultural da Estância Hidromineral de Olivença, localizada a 15 quilômetros da cidade de Ilhéus, foi encerrada na noite de domingo, após uma série de rituais iniciada na madrugada. O evento, cuja programação teve início na sexta-feira, contou com a participação efetiva da comunidade e muitos visitantes de outros locais. O prefeito Mário Alexandre prestigiou diversas etapas da festa, organizada pela Associação dos Machadeiros de Olivença e pela secretaria de Turismo e Esportes do Município.
A tradicional Puxada do Mastro começou no Século XVI, quando padres jesuítas, na tentativa de catequização dos índios Tupinambás, se apropriam da manifestação cultural nativa, a corrida de tora, para disseminar elementos cristãos entre os indígenas aldeados. De lá pra cá, a manifestação agrega indígenas e outras etnias e se mantém como uma das mais expressões da cultura popular.
Realizada sempre no segundo domingo de janeiro, a Puxada do Mastro integra o calendário turístico-cultural do Município. Este ano, a programação no domingo começou cedo, às 5 horas, com alvorada de fogos. Em seguida, aconteceram os rituais na porta da Igreja de Nossa Senhora da Escada com a participação dos puxadores dos mastros. Primeiro, uma benção religiosa e, depois, o ritual do Poraci pelos membros da comunidade indígena.
Por volta das 7 horas, diversas confraternizações foram promovidas pelos machadeiros, com o oferecimento da tradicional feijoada. O prefeito Mário Alexandre, acompanhado pela deputada estadual Ângela Souza, e pelos secretários municipais de Relações Institucionais e de Comunicação, Sérgio Souza e Alcides Kruschewsky, prestigiou os atos iniciais da festa. Em seguida, a comitiva partiu para a Mata do Ipanema, para escolha da árvore e derrubada do mastro, sempre com orações, cânticos em louvor a São Sebastião, agradecimentos e rituais em homenagem aos seus ancestrais.
Na Estância de Olivença, apesar do tempo nublado, o movimento foi grande nas praias e no Balneário de Tororomba, com a presença de turistas que sempre lotam pousadas, hotéis e casas de veraneio da localidade na temporada de verão. Em virtude da festa, a Superintendência Municipal de Trânsito (Sutran) bloqueou o acesso principal à Praça Cláudio Magalhães, a fim de permitir mais mobilidade dos transeuntes.
Cortejo – Por volta das 15h30min, o cortejo – com os mastros – deixou a mata e se aproximou da praia, acompanhado por centenas de populares. À frente, veio o mastaréu, um mastro específico para as crianças que realizam o ritual da mesma maneira que os adultos, como forma de manter a tradição. Logo em seguida, o grande mastro é arrastado com o auxílio de cordas, de forma festiva, acompanhado pela banda Pífanos, até a praça central de Olivença.
O prefeito Mário Alexandre e o deputado federal Davidson Magalhães acompanharam a chegada do cortejo. Em meio aos populares, as autoridades cantaram e dançaram unidas à manifestação de alegria dos puxadores do mastro. O prefeito ressaltou a importância de manter essa tradição secular. “Estou muito feliz e alegre ao lado do povo de Olivença, da comunidade indígena e dos turistas, nessa valorização da cultura local. Vamos sempre apoiar a realização dessa festa e parabenizamos todos os envolvidos na organização, toda a equipe, da limpeza à infraestrutura, a parceria da Associação de Machadeiros, para que essa manifestação se fortaleça a cada ano e possa mo9s atrair ainda mais visitantes. Assim, todos ganham”, acrescentou o prefeito.
Como organizador da maior tradição cultural do Sul da Bahia, o presidente da Associação dos Machadeiros de Olivença, Arivaldo Batista dos Santos (popular Camisa), ressaltou a organização do evento, “o apoio da comunidade e da Prefeitura para mais uma festa de sucesso”. De sexta-feira a domingo, todas as noites, houve apresentações musicais na praça. Na sexta, se apresentam os cantores Jane Poeta e Nozinho; no sábado, as bandas Violino de Luxo e Pago Funk; e no domingo, as bandas Jah Bless e Batuque Bom.
Meio Ambiente–A exemplo do ano passado, a festa resgata também o compromisso ambiental. Com o tronco de árvore retirado da mata, a compensação será o plantio de 50 novas mudas árvores nativas na reserva da Mata de Ipanema. O casal de turistas Celso e Kelma Oliveira acompanhou todo o cortejo. Eles são de Rio Verde, cidade do interior de Goiás, cujo padroeiro é São Sebastião. Disseram estar encantados com a manifestação e tradição dos Tupinambás.