Uma série de eventos marcou a Semana de Cultura Jorge Amado, em virtude do transcurso do aniversário do escritor baiano, dia 10 de agosto, que completaria 106 anos. A Secretaria da Cultura de Ilhéus (Secult) promoveu diversas atividades, entre elas, a Tenda de Jorge, instalada em frente à Casa de Cultura (onde Jorge residiu), no centro histórico da cidade. O local atraiu turistas e nativos que reverenciaram a obra literária de Jorge Amado e sua identidade com Ilhéus.
A Tenda, que teve como palco a Rua Jorge Amado, expôs diversos livros do escritor que puderam ser apreciados por populares que passavam no local. Houve também a apresentação de roda de capoeira, da banda Batukagêge, o Baile dos Coronéis e a premiação do concurso de crônicas de Gabriela. Tudo isso aconteceu em frente à Casa de Cultura, cujas visitas foram abertas ao público, de forma gratuita.
Na noite da última sexta-feira, o centro histórico de Ilhéus esteve em festa, com manifestações públicas pelo aniversário de Jorge Amado. Ocorreram atividades também na Academia de Letras de Ilhéus (ALI), no Teatro Municipal, no Espaço Bataclan, além de intensa movimentação no Bar Vesúvio.
“É extremamente gratificante. Jorge Amado foi um escritor que falou da nossa realidade, falou da nossa raiz, dos nossos costumes, da nossa forma de ser e de agir. Então, nada mais justo do que sempre comemorar o Dia de Jorge Amado, sobretudo porque ele foi um dos escritores mais lidos em todo o mundo, o escritor que levou Ilhéus para os quatro cantos desse planeta. Precisamos lembrar sempre dele, fomentar e estimular o hábito da leitura de seus livros”, declarou o secretário de Cultura, Pawlo Cidade.
Amante de poesia e fã de Jorge Amado, a jovem Sophia Sá Barreto, presente às festividades, disse que “os romances de Jorge me despertam muita coisa boa, inclusive o saudosismo, também porque eu sempre vivi próxima a essa cultura, com o próprio Jorge Amado. Tive contato com ele na minha infância e adolescência, sendo muito enriquecedor e engrandecedor para a minha vida. Me sinto feliz por fazer parte – um pouco – dessa história”, acrescentou.
A turista francesa Clair Eruson comentou que assistiu ao filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos. ”Gostei e conhecia o nome de alguns livros, mas não havia lido. Chegando ao Brasil, comprei o livro Gabriela, Cravo e Canela e folhei alguns aqui também. Acho muito bom para conhecer a cultura daqui, daquele tempo, você imagina de verdade como era esse momento, isso é muito interessante, além de ter gostado de conhecer onde ele morou. Aqui a gente aprendeu mais sobre a sua vida, tem a sua biografia aqui na casa. Ele teve uma vida atípica, mais intelectual, estudou em Paris, tinha amigos intelectuais de Paris”, salientou.
Concurso – Na Tenda de Jorge, o secretário Pawlo Cidade anunciou o resultado do Concurso de Crônicas de Gabriela. A ilheense Gracielle de Jesus Soares foi a terceira colocada, com 119 pontos, com a crônica intitulada “Cravo, Canela e Passas”. Natural de Itabuna, Gabriel Sales Macedo ficou em segundo lugar, com 179 pontos, com a crônica “Especiarias para uma janta diuturna”.
Em primeiro lugar, ficou Rafhael Andrade Gonçalves, da cidade de Jitaúna, com 200,5 pontos, autor da crônica “Nem cravo, nem canela, flor de graxa do Malhado”. O vencedor do concurso ficou muito feliz com o resultado, para ele, inesperado. “Eu fiz a inscrição por indicação de alguns amigos. Moro a 200 km de Ilhéus, a minha realidade é totalmente diferente, conheço muito pouco a cidade, vim algumas vezes durante a minha infância e adolescência. Estudo no Salobrinho, mas não tenho esse convívio com a cidade. Mas escrever Ilhéus é fácil quando você lembra o que Jorge fez por ela, como Jorge descreveu a sua terra”, disse.
Ele acrescentou: “descrever dentro de uma ficção uma crônica com a ideia de como seria essa nova Gabriela, me instigou, porque Gabriela na obra de Jorge era uma mulher à frente do seu tempo e ela fazia suas escolhas, tinha a autonomia de decidir o que seria o seu futuro. Na época em que a mulher era reprimida por seus sentimentos, ela foi e usou de todos possíveis. Já na nossa realidade atual, a mulher tem a liberdade, inclusive aquela de não escolher ninguém, aquela de ser sozinha, de ser pra frente, de não ter preconceitos, de se permitir a uma relação que ainda por algumas culturas seja reprimida por nossa sociedade. A minha ideia era a de apenas, transcrever a realidade da gente que faz parte do mesmo povo baiano”, declarou Rafhael.