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FÉ E TRADIÇÃO MARCAM MAIS UM ANO DA PUXADA DO MASTRO DE SÃO SEBASTIÃO EM ILHÉUS

O mastro foi puxado por turistas e nativos ao som do canto em língua indígena Tupi. Foto: Clodoaldo Ribeiro.

No meio da mata de Ipanema, localizada na Estância Hidromineral de Olivença, zona sul de Ilhéus, marchadeiros iniciaram as festividades da secular festa da Puxada do Mastro de São Sebastião, com a escolha da árvore, que determinaram as toras de mastro puxadas no domingo (13). Esse ritual acontece sempre uma semana antes do evento, início de todo o ciclo da tradição.

A comunidade local e a Prefeitura de Ilhéus, por meio das Secretarias de Turismo e Eventos (Setur) e de Cultura (Secult), ao longo da última semana, prepararam e arrumaram toda a estrutura da festa, onde turistas e nativos derrubaram o mastro e percorreram as praias e principais ruas do local até chegar à praça principal, onde aconteceu todo o enredo da celebração.

De acordo com o historiador Erlon Costa, a Puxada do Mastro de São Sebastião mantém a tradição há mais de quatro séculos, desde o período da colonização. “Significa a resistência da memória do povo tupinambá na região” diz ele. A festividade une comunidade religiosa e indígena para celebrar com rituais, manifestações culturais, cortejos e shows na Praça Cláudio Magalhães, onde fica a Igreja de Nossa Senhora da Escada, ponto alto dos festejos.

Cortejo de mascarados – Na sexta-feira (11), pelas ruas de Olivença um bando de mascarados anunciavam à comunidade com o badalar do sino e através do cortejo, que havia começado a festa. Instituições locais como igreja, escolas, grupo de capoeira e associações realizaram desfile cultural, hastearam a bandeira e acenderam o fogo simbólico que deram início às comemorações.

Na celebração da puxada, todos da comunidade têm uma função, permitindo que a família local esteja presente, pais e filhos participem juntos, ensinem as músicas e coreografias para a geração futura e mostrem tudo que aprenderam com seus ancestrais, como ocorreu no sábado (12), com os desfiles irreverentes do Terno das Camponesas e do Boi Estrela. Ainda na noite do sábado, aconteceram a procissão e a missa de Tríduo ao São Sebastião. Os shows ficaram por conta das bandas Pagofunk e Batuque Bom.

Contexto cultural – O domingo começou cedo com a alvorada, rituais religiosos (benção) e indígenas (poranci) na porta da igreja, em seguida o grupo de marchadeiros foi buscar o mastro na mata para oferecer a São Sebastião, que foi puxado por turistas e nativos ao som do canto em língua indígena Tupi. Milhares de pessoas presentes festejaram a chegada do mastro com rituais e muita música ao som das bandas Kavunje e Realce até às 21h.

Para a moradora de Olivença Mônica Nunes, a Puxada do Mastro movimenta o turismo local, as praias ficam cheias e os visitantes passam a conhecer um pouco da nossa cultura. “A tradição se mantem viva por muitos anos, como sou católica, sempre participo da missa e das celebrações na praça” disse.

O turista de Brasília, Alexandre Rocha, estava de passagem por Ilhéus com destino a barra grande, soube do evento e fez questão de conhecer. “Achei interessante o contexto cultural da festa e a interação das pessoas, fiquei feliz que tive a oportunidade de participar” comentou.