No mês em que Jorge Amado completaria 107 anos no dia 10, data em que Ilhéus insere na sua programação uma série de acontecimentos que relembra a vida e as obras do escritor, uma exposição de xilogravuras, produzidas pela artista plástica Janete Lainha homenageia o escritor com criatividade e grande estilo. A mostra está aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 18h e nos finais de semana, na Galeria do Teatro Municipal (TMI), onde as obras estarão à venda.
As Xilogravuras, montadas em 25 quadros de 30 por 40 centímetros, fazem uma verdadeira viagem no tempo, e traduz em um documento histórico, a referência das obras do escritor baiano e seu encontro com as obras de Ilhéus para o mundo. A mostra é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo (Secult) e do Museu Casa Jorge Amado, e conta com o apoio da Casa da Cultura Popular.
“Meus trabalhos são marcados por minha trajetória pessoal”, define Janete Lainha, Mestra pela Cultura Popular, que traz a obra “Logra e Logro” para a capa de agosto do catálogo do Teatro Gamboa Nova, em Salvador. A publicação integra o projeto “Se Mostra Interior”, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). “Eu comecei a ilustrar as capas de meus cordéis, foi aí que me chamaram atenção que eu deveria valorizar mais meu trabalho”, revela.
A multiartista – Mulher, negra, cordelista, xilógrafa e atual presidente do Conselho de Cultura de Ilhéus, a luta da Mestra Janete Lainha foi entalhada em madeiras que virou os formões de xilogravuras e cordéis por ela assinados. No currículo, 800 cordéis, cerca de mil xilogravuras e 40 exposições e feiras. Mas vale lembrar que este é o primeiro concurso em que a xilógrafa é contemplada, individualmente.
Benção e pecado – A xilogravura da artista se baseia numa duplicidade feminina e diz sobre o sagrado feminino, lida com o pecado e a benção, representando também a perseguição das mulheres e as suas conquistas. “Elas estão cada vez mais em evidência. Hoje tratamos das especificidades de mulheres negras, reafirmamos nossas conquistas no mercado de trabalho e debatemos o lugar de fala”, diz.
Para a multiartista ilheense, ser reconhecida hoje pela cultura popular, e estar em circulação pelo “Se Mostra Interior” é intensamente revigorante. “Tenho sessenta anos e isso me dá fôlego de mais dez anos. Fazer parte do catálogo me põe em circulação na história da arte na Bahia”, afirma, detalhando que seus trabalhos começaram a circular pelo desenho da força de mulheres.