Muito se fala sobre a menor gravidade do coronavírus em crianças e adolescentes saudáveis. Mas nem por isso os mais novos devem deixar de tomar cuidado. Eles, por exemplo, correm o risco de desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Na Bahia, um menino de 9 anos, morador de Salvador, foi a primeira morte registrada de um paciente com a confirmação da síndrome.
No total, 14 crianças e adolescentes entre 2 e 16 anos desenvolveram a enfermidade no estado até a quarta-feira, 26, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Além do garoto que acabou morrendo, três doentes continuam internados e 10 já tiveram alta.
Ao todo, o estado registrou 19 crianças e adolescentes com sintomas da síndrome que causa uma inflamação generalizada. Após o diagnóstico, foram detectados 2 pacientes com a também rara Síndrome de Kawasaki, que possui quadro similar à doença ligada ao coronavírus. Outros três casos suspeitos ainda não foram diagnosticados.
Ainda não se sabe qual é a relação exata entre a síndrome e o coronavírus. A doença acomete pacientes com até 18 anos infectados pela doença viral, de acordo com a Infectologista pediátrica, Anne Galastri. Em nota técnica, o Ministério da Saúde delimita a faixa etária até os 19 anos.
A médica informou que os adultos possuem um espectro de contaminação pela Covid-19 diferente da faixa etária pediátrica, o que explica a ocorrência da doença entre os mais jovens. A maior incidência de casos da síndrome ocorre após os 10 anos, aponta a especialista.
Geralmente, os sintomas da SIM-P aparecem entre uma e duas semanas depois da infecção, explica a Infectologista pediátrica. Acredita-se que síndrome se trata de uma resposta imune descontrolada capaz de desbalancear as funções orgânicas do corpo do paciente. Como sugere seu nome, a enfermidade altera o corpo todo, o que explica sua a gravidade.
A médica ressalta que se trata de uma síndrome rara, que acomete apenas poucos casos dentre as crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus.
A identificação da síndrome é muito recente e ainda não é possível dizer a sua incidência na população, segundo a coordenadora de imunização do estado, Vânia Vandenbroucke. “Só teremos informações mais concretas quando ocorrer a sistematização das notificações no sistema de saúde. É importante estar alerta pois grande parte dos casos são graves e a ocorrência de uma morte é preocupante”, pontuou a coordenadora.
Relação com o coronavírus
Nem todas as 14 crianças e adolescentes com o diagnóstico confirmado da doença testaram positivo para o coronavírus. Apenas 11 enfermos possuíam a confirmação da covid-19, enquanto três apenas tiveram contato com alguém que pegou a doença viral.
“Nem todos os pacientes são testados de modo adequado para o coronavírus. Nós temos limitações, o que faz com que nem todo mundo que apresenta a síndrome tenha testado positivo para a Covid-19, mas é uma doença correlacionada temporalmente com o coronavírus”, pontuou a infectologista pediátrica.
Os meninos são a maior porcentagem de pacientes com confirmação na Bahia, com 11 casos registrados dentre o gênero, enquanto apenas 3 eram meninas. Dos enfermos, três possuem nove anos, dois têm 10 anos e outra dupla tem 2 anos. As idades de três, cinco, seis, sete, oito, 14 e 16 anos registraram apenas um caso cada.
[Correio da Bahia]