O depoimento de Luiza Souza Paes, ex-assessora de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi decisivo para a denúncia contra o hoje senador pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no escândalo das ‘rachadinhas’ em seu gabinete de deputado estadual.
Em trechos do depoimento divulgados pelo jornal ‘O Globo’ nesta quarta-feira (4), Luiza Paes admite que nunca atuou como funcionária do filho do presidente Jair Bolsonaro e que também era obrigada a devolver mais de 90% do salário.
No depoimento, dado em setembro deste ano, a ex-assessora apresentou extratos bancários para comprovar que, entre 2011 e 2017, entregou por meio de depósitos e transferências cerca de R$ 160 mil para Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança de Flávio e apontado como operador do esquema de desvios de salários.
Luiza foi nomeada entre os assessores de Flávio em 12 de agosto de 2011 e ficou no cargo até 11 de abril de 2012. Depois disso trabalhou em outros setores da Assembleia, como a TV Alerj e o Departamento de Planos e Orçamento.
Porém, mesmo não estando como funcionária direta de Flávio, Luiza relatou ao MP que teve que devolver a maior parte do que recebia como salário, recebendo como bruto R$ 4.966,45 (funcionária de Flávio) e R$ 5.264,44 (trabalhando na TV Alerj), mas só ficando com R$ 700.
A ex-funcionária conta também que teve que devolver valores relativos a 13º, férias, vale-alimentação e restituição do imposto de renda. O vale-alimentação, cerca de R$ 80 diário, era depositado diretamente na conta sem registro ou desconto no contracheque.
Além dela, outras pessoas também viviam na mesma situação, sendo nomeadas sem trabalhar. Luiza citou as duas filhas mais velhas de Fabrício Queiroz, Nathália e Evelyn, e Sheila Vasconcellos, amiga da família do policial.
A moça conta que só ficou ciente das condições de “rachadinha” quando foi tomar posse. Luiza disse que foi orientada a abrir uma conta na agência da Alerj e precisava fazer o saque do salário na boca do caixa para em seguida depositar na conta de Fabrício.
O suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do filho de Jair Bolsonaro vem sendo apurado pelo MP desde 2018. Antes da denúncia que estava ajuizada desde o dia 19 de outubro, o processo estava nas mãos do subprocurador-geral de Justiça e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins. [Bahia.ba]