A Embaixada da China no Brasil protestou ao Itamaraty e acusou Eduardo Bolsonaro, o filho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, de realizar declarações “infames” e de colocar em risco a relação entre os dois países.
A nova crise ocorreu depois que o deputado federal fez acusações contra Pequim no dia 23 de novembro. Nas redes sociais, ele indicou o Partido Comunista da China como “inimigo da liberdade” e insinuou invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas.
Para Pequim, Bolsonaro “acusou o Partido Comunista da China e empresas chinesas de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos EUA de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G da China”.
“Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados”, ataca Pequim. “Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas”, aponta.
Os chineses ainda confirmam que a manifestação não ocorreu apenas nas redes sociais e que canais diplomáticos foram usados para apresentar uma queixa formal contra a atitude.
“Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”, explicou
“Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, a parceria sino-brasileira conheceu um rápido desenvolvimento graças aos esforços de ambas as partes. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil”, insistiu.
“Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, disse.
“Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura”, escreveu Pequim.
“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral”, alerta.
“Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, completa embaixada. [UOL]