Uma nova variante do novo coronavírus foi descoberta em um paciente da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, segundo uma pesquisa realizada pela USP. A cepa, que é da linhagem sul-africana do vírus, é mais transmissível e mais resistente às vacinas já disponíveis.
Conforme o estudo, coordenado pelo Instituto Butantan, com apoio de outras instituições, inclusive da África do Sul, o comportamento dela se assemelha à da variante de Manaus (AM), que é mais transmissível. A pesquisa foi divulgada em uma versão prévia de artigo científico publicado no site medRxiv, nesta semana.
Os pesquisadores sequenciaram 217 genomas do vírus em coletas feitas nas cidades de Sorocaba, Araçatuba, Marília, Taubaté, Campinas e Ribeirão Preto, além de cidades da Grande São Paulo e da Baixada Santista. A maior parte dos genomas observados, 64,05%, é da linhagem P.1, surgida no Amazonas.
Já a linhagem descoberta em Sorocaba, B.1.351 possui 15 mutações iguais às da cepa sul-africana, no entanto, não possui seis das mutações que definem a variante. Apesar disso, o genoma da nova cepa apesenta nove mutações exclusivas.
“As análises genéticas demonstram a proximidade inegável do nosso isolado com a linhagem sul-africana, sendo que se agrupa com outras sequências deste mesmo tipo, mais precisamente isolados da variante sequenciados na Europa”, explicou o pesquisador Rafael dos Santos Bezerra, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.
“Estamos trabalhando no rastreamento de outras pessoas que possivelmente tiveram contato com a paciente. A hipótese mais segura é que seja uma cepa importada, pois Sorocaba é uma área de indústrias com alto fluxo de pessoas, porém apenas com mais isolados poderemos confirmar um possível evento de convergência”, completou.