Rodrigo Melo é Catitu, pai de Amaralina, filho de Ilhéus, escritor e fera no pingue-pongue.
Um mergulho no mar com a guria, depois os castelos na areia. A melhor vida que há.
Do outro lado, a cidade se estende, o porto e os prédios, morros que não acabam mais – triste flor que brota da areia, como disseram, triste, bela e abandonada flor…
Lembrou-se por um instante de Dona Joca, no centro espírita, ela a dizer que viveríamos, em 2014, uma época de turbulência: ” Nesse ano, o mundo precisará de orações”.
Sempre achou piegas o termo oração.
E, afinal, não levou aquilo à sério, claro, porque tem que se escolher o que levar.
Mas então as pessoas travaram uma imensa batalha por conta de políticos, quase todos iguais, as pessoas passaram a impor posturas muito sólidas e conscientes às outras, o tempo inteiro, e também passaram a fiscalizar essas posturas, não aceitando nada que não fosse além do que imaginam ser o correto. Uma espécie de preconceito ao cobrar menos preconceito (a alma humana evolui aos poucos e, até que o mundo acabe, nunca deixará de evoluir).
Além disso, em 2014 Chaves morreu, as focas violentaram pinguins no Polo Norte e os pedófilos foram à TV na Inglaterra, para legitimarem o seu horror.
Uma forte e imponente impressão de que, ao mesmo tempo em que o ser humano se diz mais consciente e evoluído, fica mais louco também: um tanto de neurose e chatice, outro de pretensão.
No meio disso tudo, salva-se um uruguaio chamado Mujica, e um argentino chamado Francisco.
São deles as melhores frases e decisões.
E chega a ser estranho isso: num mundo onde as pessoas se auto intitulam libertadoras, mas que na maioria das vezes querem apenas fincar seus pés num confortável bem querer social, um papa e um velhinho trilham a verdadeira revolução.