Um abraço coletivo simbolizando o acolhimento à comunidade trans do sul da Bahia marcou, com muita emoção, na última sexta-feira (30), o encerramento do mês das comemorações do Orgulho LGBTIAPN+ no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. Fundador do Coletivo Vale, o filósofo Tomas Santos comandou uma roda de conversa com a participação da comunidade e dos colaboradores da instituição sobre as dificuldades de acesso à saúde, os obstáculos, as condutas inadequadas e atendimento discriminatório que acabam por afastá-los dos serviços de saúde. Um documentário sobre a gestação e parto de um homem trans foi exibido.
A ideia, segundo a diretora do hospital, Domilene Borges, foi de que a iniciativa funcionasse como um “start” para implantação de um serviço histórico na região para atendimento à esta comunidade pelo HMIJS, considerando que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem em uma das suas diretrizes a consolidação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. “Ainda é um embrião. Mas o encontro foi para que, incialmente, fizéssemos uma reflexão: estamos preparados para entender e acolher as necessidades deles?”, questiona.
Tomas definiu o encontro como histórico e enriquecedor. Declaradamente autista, homem trans e educador, Tomas Santos também é um dos mais procurados palestrantes para falar sobre o tema. Ele lembrou que ainda hoje a violência impera sobre esta realidade. Um trans vive em média 38 anos. Se negro e da periferia, esta média cai para 27. A ativista Miretty di Biachio, disse estar muito feliz em poder ver tudo isso sendo construído. “No passado não podíamos sequer entrar em uma unidade de saúde. Hoje estamos tendo a oportunidade de estar não só adentrando mas, também, ajudando a construir um SUS muito mais humanizado”.
A missão do hospital que é do estado e tem a Fundação Estatal Saúde da Família (FESF) como sua entidade gestora, é oferecer segurança e eficiência no cuidado com o público materno-infantil do sul da Bahia, contribuindo para a redução das mortes materna, neonatal e infantil no estado. Além de ser uma proposta inovadora e consistente para avançar no fortalecimento do SUS, o HMIJS oferece um modelo de gestão interfederativa, atuando em todas as regiões da Bahia, cumprindo função essencial para a gestão compartilhada de serviços de saúde. Esse modelo inovador apresenta-se como uma solução jurídico-administrativa e sanitária para o desenvolvimento da atenção à saúde no Estado da Bahia, propiciando agilidade e segurança para gestores, usuários e trabalhadores, como um democrático veículo de concretização do direito humano fundamental da saúde.