Por mais absurdo que isso possa parecer, é justamente essa a impressão que se tem ao longo desse primeiro ano de mandato do prefeito Jabes Ribeiro (PP) frente à prefeitura de Ilhéus.
Vejamos. O teatro municipal está fechado há um ano, a secretaria de Cultura exerce uma função figurativa, a tradicionalíssima Lavagem das Escadarias da Catedral foi boicotada, o cortejo das baianas no Dia de Iemanjá não contou com o apoio da prefeitura, etc.
Gradativamente, pouco a pouco, a cultura popular parece ser induzida ao padecimento.
E mais um exemplo ajudará a dar mais ênfase a essa suposição.
Trata-se da forma como a atual gestão municipal vem tratando uma das mais antigas manifestações culturais de cunho genuinamente popular do município: A escola de samba Imperadores do Samba.
Sediada no bairro do Teotônio Vilela e fundada em 15 de outubro de 1978, a Imperadores do Samba sofre com o descaso por parte da secretaria municipal de Cultura e com a ausência de políticas públicas municipais para o setor, e periga, pelo segundo ano consecutivo, não desfilar no carnaval.
Segundo o seu fundador, José Domingos Araújo, o popular Zequinha, a escola foi fundada com o objetivo de trazer melhorias sociais para o bairro, combatendo a criminalidade e o uso de drogas entre jovens, os inserindo no contexto artístico vivenciado no cotidiano da agremiação, mostrando a eles novos valores.
“Já formamos mais de 60 ritmistas, a maioria ex-usuários de drogas, e que hoje em dia são pais de família, não usam mais drogas e nem praticam mais nenhuma atividade marginal”, ressalta com orgulho Zequinha, que lembra que a escola já contou com 1.200 componentes em outros tempos.
Mas essa importante função social exercida pela Imperadores do Samba, parece não comover o poder público municipal. Prova disso é que, tentando angariar apoio para que a escola desfilasse esse ano, Zequinha afirmou que tentou por 11 vezes, sem sucesso, falar com o prefeito, e chegou a ser barrado pelo chefe de Gabinete, em uma ocasião em que estava acompanhado pelo vereador Raimundo do Basílio, e foi impedido de entrar na sala.
Essa falta de apoio por parte da prefeitura, segundo Zequinha, acaba que afugentando patrocínios da iniciativa privada, que, ao perceberem que a prefeitura não apóia, acabam também não apoiando.
Por incrível que pareça, nos nada saudosos tempos do ex-prefeito Newton Lima, a escola viveu bons momentos. Além de contar com apoio em dinheiro, desfilou e agitou os foliões em 2008, 2009, 2010 e 2012, quando emocionou a avenida com o tema “Ilhéus, Terra de São Jorge”.
Administrada por Zequinha e também pela sua filha, Jaiara, além da esposa, Srª Chris, eles lamentam: “Depois que Jabes voltou, acabou tudo”.