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ALTA DO DÓLAR BENEFICIA CACAUICULTORES

A TARDE
cacauCom a alta do dólar e o aumento da cotação do produto na bolsa de valores de Nova Iorque o preço do cacau subiu 38% desde o final de julho. A commodity, que começou o ano valendo R$ 63 a arroba, alcançou na sexta-feira passada R$ 87. Na semana retrasada, atingiu o valor de R$ 93. A última vez em que isso ocorreu foi em 2011.
Essa alta representa um alívio importante para o setor cacaueiro, mas não teve o efeito positivo que poderia caso a cultura não tivesse passado por maus momentos em 2012. Nesse período, a arroba chegou a ser vendida a R$ 56 e os produtores ficaram com boa parte da safra – a maior dos últimos dez anos – estocada  devido a grande importação  de cacau proveniente da África.
Descapitalizados, os cacauicultores investiram menos nas lavouras, o que se repercutiu na produção deste ano. Enquanto a safra 2012/2013, na Bahia, rendeu 180,5 mil toneladas de amêndoas de cacau, a 2013/2014 deve atingir no máximo 150 mil, segundo estimativa da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac).  Em alguns casos, a falta de chuvas também colaborou para essa queda de produtividade. 
Perspectivas
Para o analista de mercado Thomas Hartmann, um dos efeitos positivos dessa valorização é o provável incentivo aos cuidados com a lavoura.
Quanto ao mercado, os especialistas são unânimes em afirmar que é difícil traçar um cenário futuro para o preço da commodity, pois é comum haver especulação.  Há, porém, fatores que sinalizam a manutenção desse bom patamar.
Um deles é o início da recuperação da economia americana, o que implica na valorização do dólar. Além disso, o país é um grande consumidor de chocolate.
A África, continente de onde sai 72% do cacau usado no mundo, é outro fator. Devido a seca que assola o continente, o estoque deve ficar menor.
De qualquer modo, os produtores estão mais tranquilos desde que o cacau ingressou na Política de Preço Mínimo do governo federal, que estabeleceu, em julho, o valor de R$ 75 para a arroba.
Por outro lado,  defendem que, para cobrir os custos de produção, o ideal é que chegasse a R$ 85. “Com o novo salário mínimo, vai ficar difícil pagar a mão de obra”, diz o secretário-executivo da Câmara Setorial do Cacau, Isidoro Gesteira.