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“ANARQUISTAS” VIRTUAIS

EDUARDO RÉGIS

Eduardo Régis (Morcegão), é professor de História e militante do Movimento Negro.
Eduardo Régis (Morcegão), é professor de História e militante do Movimento Negro.

Mediante a tantas denominações e rotulações existentes na contemporaneidade, duas delas ainda se fazem presentes: Ser de direita ou de esquerda, político-ideologicamente falando. Pois, no contexto social brasileiro, essas duas classificações estão cada vez mais marcantes, principalmente nas redes sociais.

Nas referidas redes sociais, sobretudo no Facebook, uma grande ferramenta de comunicação, de militância virtual, debates, postagens, convocações para eventos e manifestações, etc, tem sido também espaço para o que chamamos de “anarquistas” virtuais.

São aqueles indivíduos que se dizem nem esquerdistas ou direitistas. Tudo bem, não querem estar nessas duas polarizações, que muitas vezes geram até extremismos das partes. Nas divulgações de suas ideias, misturam alhos com bugalhos e relativizam as coisas de forma rasteira. Dizem-se “libertários”, “anárquicos” ideologicamente. Lembrando-se que anarquia não é bagunça, nem desordem. O termo tem origem na palavra grega anarkhia, que significa “ausência de governo”. Representa o estado da sociedade ideal, em que o bem comum resultaria da coerente conjugação dos interesses de cada um. A anarquia é contra a divisão em classes e por consequência, é contra toda a espécie de opressão de uns sobre os outros.

Os tais “anarquistas” virtuais, em geral, são jovens oriundos da tradicional classe média e da nova, e até da elite, ora se mostram, ora não. São como espécies de pavões misteriosos, pregando “novas” velhas ideias conservadoras e reacionárias, no entanto, travestidas de atuais, modernas, em geral pautadas no senso comum.

Mas, no fundo são praticamente quase uns neo-fascistas, enviesados por valores da extrema direita, porém, negados.

Enfim, estou eu aqui criando mais um rótulo, tudo bem, faz parte. Agora, a ideia não é julgar necessariamente ninguém por suas concepções ideológicas. Todavia, contribuir para o censo crítico das coisas e chamar a atenção para esses tais “anarquistas” virtuais. Pois, anarquista, graças a Deus, não, neo-fascistas, sim.