Em trabalho publicado em uma revista internacional (Biodiversity and Conservation,) pesquisadores da Universidade Federal do Sul da Bahia e de instituições dos EUA descreveram estudos sobre regeneração florestal e reconstituição de áreas de preservação das espécies de árvores nativas da Mata Atlântica do Sul da Bahia.
O artigo é assinado pelos professores Daniel Piotto e Luiz Fernando Silva Magnago, ambos do Centro de Formação em Ciências Agroflorestais da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e pelos cientistas Florencia Montagnini, Mark S. Ashton e Chadwick Oliver, da Universidade de Yale, e William Wayt Thomas, vinculado ao Jardim Botânico de Nova York.
De acordo com o professor Daniel Piotto, a pesquisa tem como foco o efeito da distância de remanescentes florestais sobre áreas que foram desmatadas e hoje encontram-se em regeneração. Esse aspecto importa, dentre outros motivos, em função de sua influência na dispersão de sementes e no desenvolvimento vegetal, que são diferentes entre espécies de árvores.
Outro ponto relevante é que as espécies endêmicas, nativas da região, tendem a sofrer com o aumento da distância entre trechos de florestas mais antigas e as áreas que estão se recuperando. “Encontramos que as espécies florestais endêmicas da região sul da Bahia tendem a diminuir suas populações conforme aumenta a distância dos remanescentes florestais, enquanto as espécies florestais com ampla distribuição na América do Sul aumentam suas populações com o aumento da distância”, explica o professor Piotto.
Para chegar a essas informações, os cientistas coletaram diversos dados no Parque Estadual da Serra do Conduru, que se localiza nos municípios de Ilhéus, Uruçuca e Itacaré, na microrregião de Ilhéus-Itabuna. O parque tem proximidade com propriedades rurais particulares e apresenta trechos de florestas em diferentes estágios de maturidade e áreas intocadas, formando um mosaico de diferentes tipos de cobertura vegetal e uso da terra.
Os pesquisadores compararam imagens de satélite da cobertura vegetal em uma sequência temporal de 1965 a 2007, além de realizar um inventário vegetal das espécies presentes, mensuração de luz ambiental e análise de amostras do solo.
Os resultados sugerem que grandes áreas desmatadas tendem a dificultar a colonização das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção e, com isso, tendem a promover a dominância de espécies de ampla distribuição e uma homogeneização da flora na região. Isso equivale a um empobrecimento ambiental com efeitos econômicos negativos, afirma o professor Piotto: “A homogeneização da flora tem um efeito cascata, promovendo uma diminuição da biodiversidade de todos os outros grupos de seres vivos. Isso pode impactar o funcionamento dos ecossistemas e consequentemente afetar a provisão de produtos e serviços ambientais pelas florestas nativas da região”.
Uma das recomendações do estudo é que ações de restauração florestal na região sul da Bahia devem focar prioritariamente no entorno dos remanescentes florestais da região. Segundo Daniel, esse é um processo que pode apresentar as primeiras respostas positivas em pouco tempo. “Aqui na região Sul os desmatamentos tendem a ser menores e mais pulverizados em função da estrutura fundiária, com muitas pequenas e médias propriedades rurais.
Ainda segundo a pesquisa, os resultados das pesquisas em florestas secundárias mostram que, se as áreas desmatadas forem isoladas de novos distúrbios, existe um grande potencial de recolonização dessas áreas por espécies nativas endêmicas e ameaçadas nos primeiros 40 anos de sucessão florestal.
Da Redação com Informações de Heleno Rocha Nazário /UFSB