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BAIXO NÍVEL MUSICAL EM ALTO VOLUME E DESRESPEITO ÀS CRIANÇAS NA AABB DE ILHÉUS, DENUNCIA ASSOCIADO

AABBEm sua página no Facebook, o professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Felipe de Paula, relatou um acontecimento ocorrido no último domingo (08), quando esteve, junto com sua família, na AABB de Ilhéus.

Achamos interessante a reflexão:

“Durante alguns anos na primeira década dos anos 2000 fui sócio da AABB – Associação Atlética Banco do Brasil, em Ilhéus. Após breve passagem por Alagoas, onde fui docente na Universidade Federal daquele estado, em 2014 retornei à minha cidade, transferido para a Universidade Federal do Sul da Bahia.

Com a chegada do verão, resolvi retomar meu título na AABB de Ilhéus, pois parecia ser uma boa opção de lazer para minha família, agora composta também por minha filha, uma menina de quatro anos. E, na tarde do domingo, 08 de fevereiro, atendendo ao pedido dela, fomos aproveitar a tarde para um rápido banho de piscina.

Entrando no clube – que, creio eu, deve ser sempre um ambiente familiar – nos deparamos com um show de uma banda, organizado pela administração da AABB. No local, circulavam famílias e diversas crianças. O som, que ultrapassava todos os limites da saúde auditiva, estrondava a música “Muriçoca”, cantada por um garoto que não aparentava ter mais de 12 anos – ou seja – uma criança.

A letra é a seguinte:

‘E a muriçoca soca, soca, soca, soca, soca, soca
E a muriçoca pica, pica, pica, pica, pica, pica
E a muriçoca soca, soca, soca, soca, soca, soca
E a muriçoca pica, pica, pica, pica, pica, pica
Meu pai é foda
Eu sou fodinha
Ele pega as coroas
E eu pego as novinhas’.

Situação mais inadequada, impossível. Senti-me obviamente desconfortável por ter minha família – e minha filha – expostas a este tipo de coisa. Não se tratava de um show fechado, onde cada um paga seu ingresso e assume que está se sujeitando a um local com classificação indicativa. 

Palavreado chulo, cantado por uma criança, num clube ligado à uma instituição centenária como o Banco do Brasil foi um ato de extrema irresponsabilidade e descuido com seus associados. Não quero com isso, de forma alguma, pregar que sejam executadas apenas músicas de determinados gêneros. O gosto popular deve ser respeitado desde que não caia para o ofensivo. Pior ainda se tais ofensas são realizadas por uma criança – vale lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, preza, entre outros, pelo direito a dignidade da criança – num microfone ligado a um sistema de som de volume excessivamente alto. Níveis acima de 100dB causam danos às células em apenas três minutos de exposição.

Espero com isso, estimular a reflexão a respeito do que é oferecido num ambiente familiar. Em tempos que tanto se fala em valorização dos direitos da mulher e da criança, apresentar para os frequentadores da AABB uma música com letra degradante e vulgar é sinal de profundo desrespeito com os associados que colaboram com a manutenção do espaço. Mulher não se “pega” e criança não é “fodinha”.