A invasão bolsonarista do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, neste domingo (8), além de um rastro de destruição, deixará também boletins de ocorrência por roubo de patrimônio. Ironicamente, parte dos terroristas cantava “Lula ladrão, seu lugar é na prisão” enquanto marchavam para a Praça dos Três Poderes.
Apesar de as assessorias dos três órgãos informarem à coluna que ainda não há um inventário de tudo o que foi levado, é possível afirmar que a extrema direita realizou um verdadeiro butim.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que armas e munição foram roubadas do Planalto. Presentes oficiais de chefes de Estado e delegações estrangeiras desapareceram do Congresso Nacional. Obras de arte foram subtraídas da Câmara dos Deputados. Levaram até uma réplica do documento original da Constituição Federal de 1988 do STF.
Documentos, mobília, equipamentos eletrônicos e alimentos acabaram sendo furtados nas três casas. Vídeos gravados durante a invasão mostram bolsonaristas carregando objetos para fora dos prédios como se levassem espólios de guerra.
Os roubos apontam que o discurso da honestidade e do respeito ao bem público e às regras morais e religiosas são vazios. A questão real é uma disputa de poder. Bolsonaro e uma parte de seus seguidores radicais querem continuar fazendo o que desejarem no país sem serem perturbados pela lei – essa pactuação coletiva que a maioria de nós aceita para viver em sociedade.
Essa contradição entre ladrões acusarem Lula de ladrão enquanto roubam remete à recepção que Fabrício Queiroz teve de fãs de Jair Bolsonaro na manifestação golpista realizada na orla de Copacabana, em 7 de setembro de 2021. O operador das “rachadinhas” da família Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio foi tietado e tratado como estrela e mártir, mesmo sabendo de seu histórico de corrupção.
Caso contrário, os terrroristas não seguiriam o Patriarca das Rachadinhas, o Mito dos Dois Pastores do Ouro, o Herói dos Propineiros da Vacina, o Destemido Fundador do Bolsolão. Jair fez o que pode para minar as ações da Polícia Federal, tornando o combate à corrupção uma ficção em seu governo.
Nesse sentido, esses terroristas bolsonaristas, mais do que seu Dia de Capitólio, tiveram seu Dia de Queiroz. Apesar de o mundo estar nos olhando com vergonha alheia por conta do episódio, os ladrões da Praça dos Três Poderes devem estar orgulhosos de sua realização.