Mais de 42 milhões de eleitores decidiram não escolher nenhum lado nestas eleições presidenciais. O número é recorde em toda a história da democracia brasileira, o número é bem próximo dos 47 milhões que escolheram Haddad.
Os votos brancos e nulos representaram 9,6% do total enquanto 21,30% do eleitorado simplesmente não foi votar (equivalente a 31 milhões de brasileiros). Esse é o maior índice desde a redemocratização do Brasil. Nas eleições presidenciais de 1989, brancos e nulos somaram 5,8% do eleitorado – equivalente a 4 milhões de pessoas -, enquanto abstenções somaram 14,4% do eleitorado, quase 12 milhões de pessoas. Na Bahia, pelo menos 2 milhões de pessoas se abstiveram do voto.
Na comparação com as eleições presidenciais de 2014, houve pequeno avanço na soma entre brancos e nulos. Naquele ano, 9,64% optaram por não votar em Aécio Neves ou Dilma Rousseff. Também naquele pleito, 19,39% dos eleitores deixaram de ir às urnas, o equivalente a mais de 27 milhões de pessoas.
Para o professor Maurício Fronzaglia, o número expressa desconfiança e descrédito com relação à política e às mudanças que essa eleição poderia trazer. “Em uma eleição muito polarizada, uma boa parte do eleitorado não se sentiu representado por nenhum dos lados. E não conseguiu escolher entre eles, nem mesmo entre o menos pior.”
Segundo ele, isso pode representar até mesmo uma descrença no próprio processo eleitoral. “Até que ponto a democracia representativa ainda se encaixa no nosso tempo? Ela foi pensada e adequada para a maioria dos países nas últimas décadas, quando o mundo era diferente. Está faltando um update (atualização) nas regras de funcionamento da democracia representativa.”