Uma série de denúncias de abuso sexual envolvendo líderes religiosos de igrejas evangélicas tem gerado revolta e preocupação em todo o Brasil. Os casos mais recentes envolvem pastores de diversas regiões, incluindo o pastor Jonas Felício Pimentel, da igreja Tabernáculo da Fé, que durante um culto afirmou que, em alguns casos, crianças também são culpadas pelo abuso que sofrem. “Crianças também têm culpa, têm participação, mas não em todos os casos”, declarou, gerando indignação nas redes sociais.
Este não é um incidente isolado na Tabernáculo da Fé. Em 2021, o pastor Joaquim Gonçalves Silva foi investigado por abuso sexual, denunciado por quatro mulheres. Joaquim morreu de Covid-19 em agosto daquele ano.
A problemática de abusos sexuais em igrejas evangélicas se estende por todo o país. O apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, foi recentemente denunciado por uma ex-funcionária da igreja por abusos sexuais contínuos. A Bola de Neve afastou Rina do comando do ministério enquanto o caso é investigado, prometendo transparência.
Em outro caso alarmante, a Polícia Civil de Goiás prendeu em 28 de maio o pastor Dagmar José Pereira, acusado de mais de 50 crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável. Dagmar, ligado ao Ministério de Anápolis da Igreja Evangélica Assembleia do Reino de Deus, é suspeito de usar sua posição para abusar de jovens frequentadores da instituição. As denúncias surgiram nas redes sociais e resultaram na prisão preventiva do pastor.
Sinval Ferreira, outro líder evangélico, foi preso no Distrito Federal em 22 de maio. Sinval é acusado de coagir fiéis a práticas sexuais, alegando ser capaz de prever a morte de seus parentes. Com mais de 30 mil seguidores nas redes sociais, Sinval foi alvo da Operação Jeremias 23. Ele enfrenta acusações de extorsão e violação sexual mediante fraude.
Esses incidentes ocorrem em meio a debates acalorados sobre direitos reprodutivos no Congresso Nacional. A bancada evangélica, que propõe projetos como o PL 1904/2024, equiparando aborto legal em caso de estupro a homicídio, tem sido criticada por impor penas mais severas às mulheres do que aos abusadores. Isso levanta questões sobre a coerência e a ética dos parlamentares que defendem tais propostas, especialmente à luz das denúncias de abuso sexual em suas próprias comunidades religiosas.
A aceleração desses projetos contrasta com a pressão social crescente por uma abordagem mais justa e cuidadosa em relação aos direitos das mulheres e à responsabilização por abusos.