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CERTAS DECLARAÇÕES SÃO PIORES DO QUE O PRÓPRIO LIXO

NILSON PESSOA

Urubus no lixão do Caic, zona sul de Ilhéus.
Urubus no lixão do Caic, zona sul de Ilhéus.

Ainda estou perplexo e atônito, mas não é somente pelo mau cheiro de lixo que exala por toda a cidade. Mais adiante eu explico.

Por sinal, é tanto lixo que não coube numa reportagem apenas. Isso mesmo, a TV Santa Cruz fez uma série de três reportagens (pelo menos até agora) sobre a vergonha e o absurdo do lixo acumulado em Ilhéus.

A primeira foi exibida no último dia 07, no telejornal do meio-dia, sobre o lixo na praia da avenida Soares Lopes. A segunda matéria, exibida no dia 09, no telejornal da noite, sobre o lixo transbordando dos contêineres/conchas do centro da cidade. A terceira reportagem, claro, não podia faltar, foi sobre o famigerado lixão do CAIC, exibida no dia 10, no telejornal da manhã e reprisada no telejornal do meio-dia.

A prática da imprensa é ouvir os dois lados, daí, se dirigir ao poder executivo municipal em busca de justificativas e argumentos. A resposta é sempre a mesma: “A coleta é feita diariamente”. Tudo bem, deixa pra lá, as imagens de lixo acumulado, por si só, atestam, digamos, uma realidade diferente.

Mas é agora que vem minha perplexidade.

Especificamente na reportagem do lixão do CAIC, um porta-voz da prefeitura (não sei porque não aparece na tela concedendo entrevista) informou à repórter, segundo conteúdo da reportagem, que “a prefeitura não tem obrigação de recolher aquele tipo de lixo”.

Ora, onde é que nós estamos?

Então a prefeitura também não terá atribuições para assuntos correlatos ao lixo, tais como controle de zoonoses e dengue, saúde pública e meio ambiente?

Assinou, assim, um atestado de conivência e cumplicidade?

Por mais que haja brecha em lei ou qualquer código municipal que permitam alguém falar uma barbaridade dessas, não há sequer a menor consideração ao contribuinte que paga seus impostos e tem sua qualidade de vida e saúde afetadas pela infelicidade de morar no entorno?

E o que me diz do lixo ser depositado em plena via pública, área de responsabilidade do município?

Cadê o compromisso moral com a população? Não há moral? 

Cadê a assistência social?

Cadê fiscalização, orientação, campanhas educativas, contenção? 

Cadê urbanização do local?

Enfim, cadê o trabalho?

E pensar que achava já ter visto de tudo na vida…