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COM APENAS 13 MIL PROFISSIONAIS NO PAÍS, SALÁRIO DE GERENTE DE PROJETOS CHEGA A R$ 18 MIL

A gerente de projetos Bartira Lira já mudou de empresa algumas vezes por receber melhores propostas de emprego. “Recebo convites constantemente”, conta ela, que hoje trabalha no grupo Odebrecht.  O professor Américo Pinto, da Fundação Getúlio Vargas, descobriu um ‘gap’ de mercado e ganha dinheiro terceirizando gerentes de projetos. “Tenho 170 profissionais na Noorden Group. As empresas que precisam, ligam pra lá e terceirizam por um, dois anos”.
Bartira e Américo são personificações de um mercado em ascensão: o de gestão de projetos. Toda empresa, seja de que área for, precisa de profissionais que gerenciem e acompanhem os projetos. No entanto, em todo o Brasil, há apenas 13 mil profissionais certificados pela Project Management Institute (PMI), maior associação do mundo para a profissão.

Mas se no Brasil há ainda muito espaço para crescer, na Bahia a situação é ainda pior. Ou melhor. São apenas 300 profissionais certificados. Isso faz com que a profissão seja bastante valorizada pelo mercado e tenha os salários inflacionados pela falta de oferta de mão de obra. Segundo o PMI, os salários variam de  R$ 8 mil a R$ 18 mil.

“Com o crescimento da economia e o aumento da competitividade, as empresas não podem mais errar. E um projeto bem gerido diminui o risco. Quanto melhor o projeto, melhor o resultado”, explica a presidente do PMI-BA,  Cristina Serravalle.

Segundo ela, a demanda na Bahia segue a tendência do restante do país. “Aqui, o governo é um bom contratante, também tem muitas obras no interior do estado, os polos industriais com cada vez mais empresas se instalando. A Ford, Jac, Itaipava; todas precisam de gestores de projetos”, contabiliza.

“Toda e qualquer empresa sempre vai ter um projeto a realizar”, completa o professor e empresário Américo. Por isso, ele emenda, profissionais graduados em qualquer área, e até quem não é graduado, pode se especializar nisso. Os setores que mais demandam, no entanto, são a construção civil, o petróleo e as telecomunicações. “O profissional vale o quão raro ele é. Em petróleo, gente com formação em projetos é raríssima”.

Cursos – Para se tornar um gerente de projetos, é preciso fazer um MBA ou um curso preparatório para tirar a certificação. Para quem tem curso superior, também são necessárias 4,5 mil horas de experiência em projetos. Quem não é graduado em nada precisa de mais do que isso: 7,5 mil horas. “A instrução não basta, a diferença está nos detalhes que só vêm com a experiência”, justifica Américo.

Foi o caso de Camila Loureiro, gerente de projetos da empresa de TI Avansys Tecnologia. “Eu me formei em Sistemas de Informação e comecei a trabalhar no setor que desenvolvia sites. Depois fui para a coordenação de projetos, me certifiquei e, há seis anos sou gerente”, conta ela que hoje se diz realizada profissional e financeiramente. “É um cargo bem remunerado, e o interessante é que tem vagas em todo tipo de mercado”, observa.

Sobre a função em si, ela conta que seu trabalho começa nas análises de viabilidade e dos riscos dos projetos, para depois iniciar o planejamento e o acompanhamento de sua execução.

A gerente Bartira, do Grupo Odebrecht, concorda que a experiência é importante. “O certificado não basta. Ser gerente de projetos é ter habilidades que só a experiência traz”, conclui. “Hoje o certificado deixou de ser diferencial, porque toda vaga vai exigir”. Como Camila, a entrada dela no mercado de projetos aconteceu de maneira natural. “Vim da área de desenvolvimento e comecei a me envolver com a parte do controle, a parte gerencial de um projeto. Então fiz a certificação porque o PMP (Project Management Professional, certificado mais bem aceito no mercado) é um título reconhecido”, conta.

“Todos os editais de contratação de gerentes de projetos exigem o PMP como forma de garantir a qualidade do profissional e minimizar os riscos”, explica Cristina, do PMI. Segundo ela, a certificação é confiável por ser considerada difícil de conseguir. “Para obtê-la é necessário fazer uma prova com 200 questões”, completa.