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DA ESCOLA NOVA AO NOVO MINISTRO

RAYMUNDO SÁ BARRETTO

Raymundo Sá Barretto Neto é estudante de História, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus e do Conselho de Cultura de Ilhéus, na Câmara de Patrimônio Cultural.
Raymundo Sá Barretto Neto é estudante de História, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus e do Conselho de Cultura de Ilhéus, na Câmara de Patrimônio Cultural.

Muito bom vivenciar este momento de novas perceptivas na Educação em nossa região, e em nosso país. Há muito que escutamos a frase: “o problema do Brasil é um problema de Educação”. Quem estuda e conhece o desenvolvimento do sistema educacional no Brasil, sabe, o quanto já se caminhou e o quanto ainda precisa-se caminhar para chegar onde se almeja.

No começo da década de 1930, o Brasil se quer, tinha um ministério voltado exclusivamente para a questão da educação, a educação estava envolta no mesmo ministério que a saúde. Anísio Teixeira nascido em 1901 na Bahia, naquele momento de ruptura política, com a chamada “revolução de 30”, juntamente com outros 26 educadores elaboram um documento conhecido hoje como “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” (1932). Foi o início de um novo momento da educação brasileira, onde se idealizava uma educação pública e de qualidade para todos os brasileiros.

No início, o governo Vargas (1930-1945) sinalizou que tinha interesse na proposta, em seguida muda-se os planos, outros interesses políticos, colocaram a educação em um plano secundário para o desenvolvimento do país. Fim da ditadura de Vargas em 1945, educadores tomam folego.

A década de 1950 é marcada por questionamentos no setor, são levantadas novas demandas para sanar o problema educacional nacional. Nomes como o de Paulo Freire, Darcy Ribeiro, se destacam junto aos velhos pioneiros, metas são traçadas, surge uma nova articulação visando colocar a Educação como prioridade no projeto de desenvolvimento do país.

Um novo programa educacional toma forma. João Goulart sinaliza positivamente para a implantação do programa, mas este é novamente sufocado com o golpe 1964. A Educação, é mais uma vez jogada para um segundo plano. E o ensino no Brasil passa a ter um caráter unicamente tecnicista, onde o importante não é a formação do cidadão, mas sim a formação de mão de obra, para alimentar o sistema entreguista (neocolonial) arquitetado pelos que tomaram o poder.

A partir de 1985, inicia-se o que chamamos de redemocratização brasileira, e a Educação passa a ser repensada como algo prioritário e essencial para um desenvolvimento sustentável da sociedade brasileira. Nestes 30 anos muitas foram as dificuldades, mas muito também se avançou. Em nossa região a Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, recém inaugurada, que tem como reitor o Professor Naomar Almeida, começa a dar vez a uma proposta educacional, inovadora e criativa, onde a Educação utilizara o conhecimento cientifico e a tecnologia em prol do desenvolvimento social e humano do sul da Bahia, valorizando cada vez mais a Cultura de nosso nosso povo.

A posse do educador Renato Janine no Ministério da Educação reconhecido pelos seus pares da educação como profissional altamente qualificado, neste abril de 2015, nos faz acreditar que estamos no caminho certo, aquele mesmo caminho dos nossos pioneiros da Educação, onde a Educação é fator essencial para o desenvolvimento da nação, onde todos devem ter direito a uma educação publica e de qualidade, o caminho da consolidação da nossa democracia.

Obs: Fiquemos atentos pois ainda pairam no ar, conspirações pra que o Brasil não eduque o seu povo, vide 1937 (Estado Novo) e 1964 (Golpe Militar).