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DIA MUNDIAL DA BICICLETA: O ESPORTE E O MEIO DE TRANSPORTE DE MUITOS ILHEENSES

Telma Soares pedala de 4 a 5 vezes por semana

Simples, prática e eficiente, além de ser um meio de transporte secular utilizado por milhões de pessoas a cada dia, seja por lazer, trabalho ou atividade física. No dia 3 de junho, por tanto hoje, é comemorado em todo o mundo o dia Mundial da Bicicleta. A ONU criou a data em 2018 pois bicicleta é poder de transformação.

No começo da Pandemia, quando as medidas de isolamento social eram mais intensas e as empresas de ônibus suspenderam o transporte público, muitas pessoas passaram a usar uma “velha” conhecida de duas rodas que voltou a ganhar o protagonismo nas ruas de Ilhéus: a bicicleta.

Ao mesmo tempo, aqueles que não praticavam esporte nenhum encontraram nas bikes a possibilidade de começar uma rotina de exercícios, mas com o grande e importante diferencial: o ar livre. Com essa tendência fortalecida, segundo dados do governo federal, só no ano de 2020 foi registrada a abertura de 4.800 empresas que desempenham atividades econômicas relacionadas ao setor de bicicletas no Brasil, o que representa um crescimento de 26% em relação a 2019.

MERCADO EM ALTA

Junior Sales é empreendedor no ramo, com loja especializada no comércio e serviços para ciclistas, há 15 anos no Nelson Costa. Ele conta que de início houve um grande impacto nas vendas, “era algo novo de forma negativa. Fomos nos moldando nos reinventado.”

No entanto, diante da falta de transporte público entre outros aspectos a população se viu tendo que ficar em casa. “as vendas no setor aumentaram de forma expressiva. Segundo ele, geralmente o mês de maior procura é dezembro, no entanto, a loja conseguiu vender um bom número de bicicletas o ano todo.

“Na questão da procura entre homens, mulheres e crianças para as bikes, a procura foi igualitária para homens e mulheres, mas a busca para crianças acompanharem os pais na modalidade também foi expressiva.”

BENEFÍCIOS DA BICICLETA

Quando a bicicleta entra no calendário da ONU, significa maior apoio para impulsionar o uso dela contra doenças cardiovasculares, contra diabetes, e a favor de um ar mais limpo, de cidades mais humanas e menos violentas. Foi procurando esse bem estar que Telma Soares começou a pedalar com determinação e prazer no meio do ano passado.

Segundo ela, as suas pedalas diárias já fizeram com que ela regulasse os triglicérides e colesterol, também reduziu celulite e ajudou no fortalecimento dos músculos.

Telma pedala sozinha e em grupos, que aliás existem muitos em Ilhéus. “Pedalo em par e sozinha. São experiências diferentes e todas muito boa. Depende do meu momento. É muito prazeroso desfrutar da paisagem de outro ângulo” destaca ela.

Acessórios e equipamentos de proteção também tiveram alta na procura

MTB

Falando em grupos de pedais, Daniel Santos é quem administra a página @ciclosulbahia no Instagram, com mais de mil seguidores. Ele é um apaixonado pelo MTB, (sigla para Mountain bike). Segundo ele, seu maior desafio foi um pedal de 140km.

O esporte coloca o ciclista na montanha ou em qualquer lugar fora dela. Ou seja, é a modalidade mais versátil e permite que o ciclista pedale em qualquer terreno. “O MTB mudou meu estilo de vida. Além de visitar ótimos lugares, passei a conhecer pessoas incríveis, a ter mais disciplina e principalmente a romper meus limites.”

FALTA SEGURANÇA

É inegável que a bicicleta é um meio de locomoção saudável e ecologicamente sustentável, mas também é o que deixa o usuário mais exposto. Infelizmente, acidentes de trânsito envolvendo ciclistas resultam, muitas vezes, no óbito desses usuários.

Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) o número de internações por acidentes de cliclistasnos últimos dez anos concluiu que o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta até R$ 15 milhões por ano para tratar traumas da colisão de bicicletas com carros, motos, ônibus, caminhões e outros tipos de transporte.

De acordo com os dados coletados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do Ministério da Saúde, 60% das 13.718 mortes de ciclista aconteceram por causa de atropelamento no período de dez anos.

Entre os fatores indicados pelos médicos especialistas da Abramet, a falta de infraestrutura segura tem contribuído para o aumento desses números. Em Ilhéus, mesmo com todo investimento dos governos estaduais e municipais, infelizmente o número de acidentes envolvendo bicicletas ainda é alto.

A maioria deles envolve falta de sinalização, equipamentos de segurança e alta velocidade. Telma diz que ainda não considera Ilhéus uma cidade segura para o ciclista. “Mas vem se esforçando, criando ciclovias ainda que mal planejadas, mas dando passos. Pode melhorar pois espaço e áreas temos”.

Daniel também concorda que a cidade ainda precisa avançar muito em mobilidade urbana para conseguir oferecer segurança aos ciclistas, seja ele o que utiliza a bike a trabalho, à passeio ou por esporte. “Recomendamos sempre pedalar acompanhado de alguém ou em grupos” ressalta.

No começo do mês de maio, um adolescente morreu na avenida Ubaitaba, área considerada de grande fluxo na cidade. O jovem tentou desviar de um carro e acabou sendo atropelado por um caminhão, indo a óbito ainda no local.

E quem não se lembra do saudoso Eduardo que foi atropelado na pista da ponte nova depois de perder o controle da bicicleta ao bater em uma placa de sinalização no final do ano passado?

A implementação de ciclovias e ciclo-faixas deve ser encarada como um sinal de progresso para a cidade, e ações como a audiência pública na Câmara Municipal de Ilhéus cujo tema principal foi a mobilidade urbana e de transporte, que aconteceu no mês de maio são bem vindas e muito importantes. No entanto ainda há muito a ser feito. “A cidade, apesar do “avanço”, ainda deixa muito a desejar. Falta planejamento com foco no cidadão” Lembra Daniel.

Também é o que ressaltou o presidente da associação ilheense de ciclistas, Agnaldo Batista em entrevista para a TV Santa Cruz, ele disse: “A ciclovia da Orla sul começa sem segurança e termina sem segurança. Não tem espaço para o pedestre, eles colocaram para que os pedestres utilizassem junto com o cliclista, nos pontos de ônibus e nos cruzamentos, ficou estreito para o ciclista passar então não tem proteção nenhuma e os ciclistas correm o risco muito grande de ser atropelados”.

Daniel pratica MTB como amador há 4 anos

CUIDADOS BÁSICOS

A Tembici, empresa responsável pela maior parte das bicicletas compartilhadas nos grandes centros urbanos, disponibilizou a cartilha “Manual do Ciclista”, com boas práticas e recomendações para ciclistas.

Entre elas, estão usar luzes (traseira e dianteira), capacete e refletores na roupa e bicicleta para aumentar a visibilidade do motorista.

Outras dica é andar usando a faixa inteira, não usar fones ou o celular enquanto pedala e andar no mesmo sentido dos carros são instruções de segurança não tão óbvias para quem usa a bicicleta.

Qualquer que seja a sua idade ou condição, a maioria das pessoas pode colher os benefícios do ciclismo para a saúde. Por exemplo, o ciclo manual permite que as pessoas que estão se recuperando de algumas lesões ou problemas de saúde, como derrames, façam exercícios.

As bicicletas estão disponíveis para quase todos os tipos de deficiência. Muitas vezes, podem atuar como um auxiliar de mobilidade e um meio de transporte para pessoas que têm dificuldade para andar ou não conseguem caminhar.

E você? Que tal aproveitar o feriado, e o dia mundial da bicicleta e fazer um passeio contemplativo pelas orlas de Ilhéus?

Da redação/Graci Sá