Na última sexta-feira (02), uma reunião importante foi realizada para discutir o fechamento do Presídio Regional Ariston Cardoso em Ilhéus. O evento, organizado a convite do bispo da cidade e da representante dos servidores, contou com a presença de várias autoridades e especialistas que abordaram a temática da ressocialização e os impactos do fechamento da unidade.
A bancada foi composta por diversos profissionais: Dr. Leonardo Sales, coordenador da Defensoria Pública; Pe. Vigário Geral Marcos Alcântara, representando Dom Giovanni Crippa, bispo da Diocese de Ilhéus, que não pôde comparecer devido a uma cirurgia; Dr. Jacson Cupertino, presidente da OAB; Nilton Silva, representante da sociedade civil; Excelentíssimo Juiz da Vara de Execuções Penais, Dr. Antônio Carlos, que palestrou sobre o novo modelo APAC; e o Advogado e Policial Penal Johnny Robert Gresisk, que explicou o plano de ação e implantação do sistema semiaberto.
O Juiz Dr. Antônio Carlos destacou a importância do presídio de Ilhéus e explicou que a unidade deveria atender a presos provisórios e auxiliar o presídio de Itabuna. “Infelizmente, devido à falta de manutenção, a estrutura do presídio de Ilhéus vem se degradando. Itabuna, com capacidade para 620 presos, está atualmente com 900. Com o trabalho conjunto das várias edições, conseguimos adiantar processos e conceder liberdades e progressões para os sistemas aberto e semiaberto. No entanto, o Estado e a União abandonaram o sistema aberto, que praticamente não existe mais no Brasil”, afirmou o juiz.
O Excelentíssimo Juiz da Vara de Família, Dr. Hevélcio Argolo, destacou a gravidade do assunto e a necessidade do envolvimento de toda a sociedade. “Além da questão criminal, temos também a questão do direito de família. Os presos civis, que hoje só são presos por motivos de pensão alimentícia, vão para Itabuna, que não tem condições de receber todos os presos. Se o presídio de Ilhéus fechar, eu não sei quem tomou essa decisão em Salvador, mas certamente não pensou nas consequências para a vara de família.” disse.
O juiz ainda apontou para uma ação da comunidade Ilheense. ”Isso é uma tragédia. Não teremos onde colocar esses presos e acabaremos não decretando mais prisões civis, o que é gravíssimo. A comunidade de Ilhéus precisa reivindicar e discutir essa decisão, pois ela traz consequências muito graves para o nosso sistema jurídico”, enfatizou Dr. Hevélcio.
Advogados criminalistas presentes também se posicionaram contra o fechamento, incluindo o Advogado Dr. Cosme Araújo, que fez um discurso eloquente. O Oficial de Justiça Cruz também falou contra o fechamento.
Entre os presentes, estavam o corpo de servidores do presídio, advogados, juízes, representantes da Polícia Militar, como o Capitão Igor Erdens, ex-diretor adjunto da unidade, e outros convidados.
A reunião foi um passo importante para discutir soluções e ressaltar a necessidade de ações concretas para evitar o fechamento do presídio e garantir a ressocialização dos presos em condições dignas.