Dezessete tartarugas marinhas foram achadas mortas, no período de uma semana, entre as praias das cidades de Ilhéus e Itacaré, ambas no sul da Bahia. Desse total, 12 tartarugas foram encontradas na praia de Serra Grande, que pertence ao município de Uruçuca, também no sul do estado.
Segundo o projeto A-mar, ONG que trabalha na conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos, as mortes podem ter sido provocadas por redes de pesca. As tartarugas não são alvo dos pescadores, mas elas acabam sendo capturadas pelas redes na pesca de arrasto ou quando essas redes são deixadas por horas em um mesmo local.
Nesta época do ano, tartarugas marinhas de diferentes espécies se aproximam da costa no litoral sul da Bahia. Com isso, a pesca também não pode ser realizada perto da costa.
“Aqui a gente tem a tartaruga verde, que adora se alimentar na nossa costa. A tartatuga oliva também se alimenta muito aqui na nossa região, além da tartaruga-de-pente e a cabeçuda, que costumam se reproduzir aqui”, explicou Stella Tomás, bióloga do projeto A-mar.
Outro biólogo do projeto, Wellington Laudano, conta que há muitos barcos irregulares na região, mas também, que os pescadores locais são parceiros do projeto.
“Às vezes a gente aciona a Capitania dos Portos por conta dos barcos irregulares, para que eles venham fiscalizar. Os pescadores artesanais aqui de Serra [Grande] são nossos colaboradores, sempre nos avisam [sobre pesca irregular] e a gente está sempre trocando informações”, explicou Laudano.
O artesão Everaldo Damasceno mora em Serra Grande há 30 anos e pede uma fiscalização maior para os barcos que não são da região. “Peço uma fiscalização maior. Não é nem os pescadores daqui, são pescadores que vêm de fora. Eles ficam 15 dias aqui e matam as tartarugas”, disse o morador.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) explicou, em nota, que as permissões para pesca são emitidas pela Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura, do governo federal. Se o pescador recebe uma licença na região nordeste, por exemplo, ele tem o direito de explorar todo o litoral pesqueiro dessa região sem nenhuma restrição. O que cabe ao Ibama, nesse caso, é fiscalizar o uso de equipamentos não permitidos para determinada modalidade de pesca.
No caso do sul da Bahia, o Ibama disse que tem feito fiscalizações, mas não foi observado o uso de equipamentos proibidos, capazes de causar a morte dessas tartarugas. Já a Marinha, informou que não fiscaliza a pesca e sim a segurança do trânsito marítimo.