Passados 56 dias do maior desastre ambiental dos últimos tempos, que já atingiu pelo menos 225 localidades em mais de 80 municípios de nove estados, o secretário estadual do Meio Ambiente, João Carlos Oliveira se reuniu na última sexta-feira (25), no Centro de Convenções, com o prefeito Mário Alexandre, representantes de órgãos, entidades, instituições e organizações, a fim de afinarem o discurso das medidas para combater as manchas de óleo que estão se alastrando pelo litoral.
No encontro, foi apresentado o plano unificado de ações de controle, monitoramento e limpeza das praias, em decorrência das manchas de óleo (petróleo cru). As autoridades explicaram a força-tarefa montada para controlar o óleo que chega à orla. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) disponibilizou aos municípios instruções sobre a coleta adequada do óleo, prevenção e cuidados no manuseio e armazenagem em local apropriado.
Estuários – João Carlos informou que a Bahia já decretou estado de emergência que visa ajudar a conter as manchas que se espalham rapidamente. Esclareceu que é imprescindível e de caráter emergencial a proteção com barreiras de contenção nos nove estuários do Litoral Norte. De acordo com ele, foi solicitada aos órgãos federais a adoção de medidas efetivas de proteção do litoral baiano. Na ocasião, o titular do meio ambiente do estado elogiou a atuação do município.
“Ilhéus passa a ser referência, com a criação do Comitê de Crise, que interage diariamente com o Comitê do Estado. Ouvimos as demandas dos municípios atingidos e iremos encaminhá-las aos órgãos federais e no menor espaço de tempo colocar à disposição dos municípios, os EPIs, as publicações educativas, e também, informar o destino adequado do óleo coletado. Eu saio daqui gratificado, porque o nosso intuito foi somar, reunir forças para enfrentar essa crise tão grave que atingiu o ambiente marinho da Bahia”.
João Carlos Oliveira adiantou anunciando que nesta terça-feira (29) todos os secretários de meio ambiente da região Nordeste estarão reunidos na cidade do Recife para alinhamento das ações.
Planejamento – Na conclusão do prefeito Mário Alexandre, diante da iminência do óleo que se aproximava, o Governo Municipal agiu rapidamente. Segundo ele, através de parcerias, realizou treinamento de voluntários, solicitou em tempo hábil os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de estudo e monitoramento diário da costa ilheense, ações que definiram o sucesso da operação inicial.
“Com planejamento as coisas avançam. A mancha atingiu a região norte da cidade e em um pequeno espaço de tempo foi totalmente retirada. Ilhéus é um exemplo de organização e presteza. Quando se tem um sistema planejado, com capacitação de pessoal e alinhado com equipes da Marinha, Corpo de Bombeiros Militar e demais órgãos, o resultado não pode ser diferente. Se sujar a gente limpa rapidamente. A vigilância é constante”, sublinhou.
Elber Tesch, subsecretário do Meio Ambiente do Estado do Espírito Santo, participou da reunião no intuito de verificar as medidas aplicadas frente ao problema. De acordo com ele, o modelo preventivo adotado pelo município de Ilhéus deve ser seguido por outras cidades.
“Possuímos um grupo multissetorial de articulação. Porém nada é mais preciso do que vir ‘in loco’, num local já atingido. Quem vivenciou, na prática, possui detalhes importantes que são transmitidos aos municípios em alerta. O intuito de vir à Bahia, em especial à Ilhéus é justamente levar ao nosso grupo a experiência e o conhecimento das equipes que atuam no comando das ações”, comentou.
Já o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, o coronel Francisco Telles explicou que a corporação atua no processo de limpeza e treinamento de voluntários. No seu entendimento, enquanto não se obtiver informações precisas da origem do óleo, a proteção rigorosa deverá ser estendida aos estuários e mangues.
“O processo acontece de forma dinâmica, o deslocamento é realizado com equipes volantes. Após a reunião, discutimos como fazer o movimento, disponibilizando uma equipe de prontidão para atuação célere, quer seja durante o dia, quer seja à noite. Ao mesmo tempo convocamos não apenas pessoas, mas também empresas que atuam na região para apresentar voluntários ao Corpo de Bombeiros e dar apoio, a fim de que essas ações tragam uma forma de minorar as consequências desse desastre”.
A Bahia Pesca, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), realiza análises dos animais recolhidos. A Defesa Civil do Estado estuda incluir Ilhéus no Decreto de Emergência, assinado no último dia 14. Todavia, o Município precisa solicitar o auxílio para receber recursos, levando em consideração a extensão da orla e a quantidade de resíduo químico que chegou às praias. O órgão irá enviar mil kits de EPI’s para atender os municípios da região que foram afetados.
Prejuízos ambientais – A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) informa que 15 municípios baianos já foram contaminados (Jandaíra, Conde, Entre Rios, Esplanada, Mata de São João, Camaçari, Lauro de Freitas, Salvador, Itaparica, Vera Cruz, Cairú, Uruçuca, Ilhéus, Maraú e Itacaré), seis deles declararam situação de emergência (Jandaíra, Conde, Entre Rios, Esplanada, Camaçari e Lauro de Freitas).
Além dos representantes do governo baiano, participaram do encontro, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Urbanismo, Jerbson Moraes; comandante Giovani Andrade, delegado da Capitania dos Portos de Ilhéus; tenente-coronel Ednei Factum, comandante do 5º Grupamento de Bombeiros Militar; representantes dos municípios afetados, Defesa Civil do Estado, Inema, Bahia Pesca, Associação dos Municípios da Região Cacaueira da Bahia (AMURC), ONGs, entidades e grupos ambientalistas