Estudantes de Direito da UESC estão na bronca com parte do corpo docente do curso. Segundo eles, com o retorno das aulas em modalidade remota, muitos professores estão tratando o momento de maneira negligente e alguns deles sequer estão ministrando as aulas.
O grupo de estudantes preferiu não se identificar, com medo de sofrer retaliações futuras, mas na denúncia enviada para a nossa redação ficou clara a insatisfação de todos com a inércia dos coordenadores do curso que não buscam medidas de viabilizar as atividades durante o período pandêmico. Com a situação posta, alguns alunos dos semestres finais estão, inclusive, correndo risco de não conseguirem colar grau.
Confira abaixo, na íntegra, a carta aberta divulgada pelo grupo de estudantes.
Inicialmente informamos que somos um grupo de estudantes do curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) que optamos pelo artifício da não identificação para evitar futuras retaliações.
Vimos por meio desta denúncia expor a desídia de parcela dos professores curso no exercício de suas funções, alguns, inclusive, ocupantes de cargo de dedicação exclusiva. A situação já ocorria no presencial e tem se agravado no ensino remoto. Diversos professores do curso não compareceram às aulas até o momento e, acionados por diversas vezes, o colegiado do curso e o Departamento de Ciências Jurídicas nada fizeram para resolver a situação. As servidoras lotadas nos órgãos atuam de forma impecável, entretanto o coordenador do curso e o direitor do departamento se mantêm inertes.
Além dos professores que não comparecem às aulas agendadas, com destaque para os de prática jurídica e ESAD, os alunos do décimo semestre, matutino e noturno têm sofrido com o descaso dos orientadores. Apesar da atuação impecável das docentes do matutino e noturno da disciplina TCC II, respectivamente, Sasyka Lopes e Wilma Vivas, que exercem muito bem as suas funções de acompanhar a parte formal do trabalho, muitos dos professores orientadores não orientam seus alunos, mesmo após insistentes tentativas de contato por diversos meios.
Visto que a aprovação na disciplina com o aval de um professor orientador é um requisito para a conclusão do curso e uma exigência da UESC, esta universidade deve prover meios e condições para que os alunos consigam lograr êxito. Muitos de nós, inclusive, já fomos aprovados no Exame da Ordem e necessitamos da conclusão do curso para prover nosso sustento e, para isso, necessitamos da aprovação da disciplina e da orientação dos professores orientadores. Tal orientação que não é um pedido de favor. Os professores são servidores públicos e devem cumprir os deveres por eles aceitos no ato da assinatura do termo de posse.
Tal situação não é nova, tanto é que já houve situação de aluna da Universidade que só conseguiu colar grau mediante determinação judicial. Porém, com o cenário pandêmico e o ensino remoto, a situação tem se agravado bastante e, nós, estudantes compromissados, pedimos socorro. O que almejamos é apenas o mínimo: o exercício pelos professores das funções por eles assentidas quando da inscrição em processo seletivo, aprovação e posterior assinatura do termo de posse.
Entendemos a gravidade da situação e a necessidade de aulas e orientações remotas neste momento. Entretanto, estas devem acontecer. Os professores, por mais que reclamem dos seus salários, são muito bem remunerados em comparação com o restante da sociedade.
Além disso, são privilegiados pela possibilidade de atuarem remotamente neste momento, pois muitos de nós estamos entre os 85% da população que têm que trabalhar fisicamente todos os dias e estamos nesta Universidade, custeada pela sociedade, com o fim de ter uma profissão, dar uma melhor condição de vida às nossas famílias e contribuir para uma sociedade mais livre, justa e solidária.
Pedimos apoio, socorro, aulas, orientação e o mínimo que se espera desses servidores públicos: o exercício de suas funções.
Fazem-se necessários meios de controles eficazes da presença nas aulas e, sobretudo nas orientações com urgência.
Precisamos concluir o curso para trabalhar, trabalhar e trabalhar!
Alunos compromissados de diversos semestres do curso de Direito da Universidade de Santa Cruz