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ILHEENSE SE DESTACA EM CONGRESSO MUNDIAL SOBRE CRISE AMBIENTAL E POVOS TRADICIONAIS NA ÁFRICA DO SUL

A jovem Jade Alcântara Lobo, natural de Ilhéus e neta de marisqueira, vai levar a luta pelos direitos das comunidades tradicionais para o World Anthropological Union Congress 2024, que será realizado de 11 a 15 de novembro, em Joanesburgo, África do Sul. O evento reunirá especialistas de todo o mundo para debater questões antropológicas, com foco na crise ambiental e nas disputas territoriais enfrentadas por diversos povos.

Doutoranda em Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membra do ForbesBlk, Jade carrega em sua trajetória uma sólida formação acadêmica e um histórico de ativismo em direitos humanos. A jovem estudiosa já teve passagem pelo Afro-Latin American Research Institute, na Harvard University, onde obteve um Certificado em Estudos Afro-latino-americanos e participou de eventos internacionais apresentando suas pesquisas. Em seu trabalho, aborda temas como relações étnico-raciais, questões de gênero e as lutas dos povos afroindígenas.

Jade também se destaca como autora do livro Para Além da Imigração Haitiana: Racismo e Patriarcado como Sistema Internacional e editora da Revista Odù: Contracolonialidade e Oralitura. Além disso, já contribuiu com artigos sobre criminologia e direitos humanos na Universidade de Oxford, e coordenou o Instituto de Defesa das Religiões de Matriz Africana (IDAFRO), liderando uma equipe de 12 profissionais em um levantamento sobre os impactos sofridos pelas comunidades tradicionais na região da Bacia do Rio Paraopeba, afetada pelo desastre causado pela Vale.

Durante o congresso na África do Sul, Jade apresentará a pesquisa “O Papel da Antropologia na Advocacia pela Reparação das Comunidades Tradicionais no Brasil”, destacando como a antropologia pode servir de suporte na busca por justiça e reparação. Ela também será moderadora de um grupo de pesquisa que vai explorar o conhecimento ecológico dos povos tradicionais em meio à crise ambiental, discutindo as práticas e desafios atuais ao lado de Nathalia Dothling, doutoranda na The University of Queensland, Austrália.

Outro destaque da participação de Jade no evento será a mesa-redonda “Crise Ambiental, Desastres e Reivindicações Territoriais: o papel da antropologia com comunidades tradicionais na reimaginação de mundos”, uma discussão sobre o potencial da antropologia em valorizar e integrar os saberes ecológicos dessas comunidades.

Para Jade, o evento representa uma chance de trazer para o debate internacional as experiências e desafios das comunidades tradicionais do Brasil, enfatizando a importância de reconhecer e valorizar os conhecimentos ancestrais como parte da solução para os problemas ambientais atuais. “Essa é uma oportunidade de dar visibilidade às vozes que muitas vezes são marginalizadas e de promover a troca de saberes com especialistas de diferentes partes do mundo”, afirmou.

O congresso promete ser um ponto de convergência para a troca de ideias sobre práticas antropológicas, reafirmando a relevância do campo na construção de respostas inclusivas e eficazes para as crises que afetam o planeta.