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IRÔNICO: VISTA DE VÁRIOS ÂNGULOS, MAS ESQUECIDA E SEM UTILIDADE HÁ ANOS

Imagem: Danilo Matos / Ilhéus 24h.

Localizada no bairro Boa Vista, em Ilhéus, a caixa d’água do Pacheco é uma imponente obra que desperta curiosidade devido ao seu formato peculiar. Inaugurada no início da década de 70, a estrutura tem capacidade para 500 mil litros de água.

Ao longo dos anos, muitas especulações foram feitas sobre sua aparência, com alguns acreditando se tratar de um disco voador camuflado, enquanto outros a comparavam a um cogumelo ou a um troféu. Porém, a verdade por trás de sua arquitetura única remonta a inspirações na natureza.

História: A Inspiração na Natureza – O projeto da caixa d’água foi desenvolvido pelo engenheiro e arquiteto curitibano Gerhard Leo Linzmeyer, que se baseou na árvore predominante no Sul do Brasil, a araucária. Especializado em obras de cunho sanitário e de tendência modernista, Gerhard enfrentou o desafio de criar uma estrutura que suportasse toneladas de concreto, armações de aço e meio milhão de litros de água armazenada.

Imagem: Arquivo TG.

Antes do desenho arquitetônico que remete à araucária, Gerhard já havia concebido um projeto nas décadas de 50, com uma coluna sustentando uma enorme cuba, na cidade de Rolândia, onde a ideia começou a ganhar forma.

Gerhard também deixou sua marca em outras cidades brasileiras, como Ceilândia e Taguatinga, no Distrito Federal, que possuem caixas d’água com altura e capacidade semelhantes. Em Ceilândia, o reservatório foi inaugurado em 1977 e é considerado patrimônio histórico do Distrito Federal.

Já em Taguatinga, a estrutura é mantida como um plano B emergencial pela Caesb. Além disso, a EMBASA construiu uma caixa d’água semelhante em Feira de Santana, na Bahia, inaugurada em 1984.

A gigante esquecida – No entanto, diferente de suas “irmãs gêmeas” do Distrito Federal, a caixa d’água do Pacheco foi desativada devido a problemas estruturais e à modernização do sistema de distribuição de água. Infelizmente, a falta de manutenção adequada por parte do poder público compromete a conservação dessa bela obra. Uma simples pintura e iluminação poderiam realçar sua beleza, que continua a se destacar acima das copas das árvores, podendo ser contemplada de vários pontos da cidade.

Vale ressaltar que a responsabilidade pela conservação do monumento recai tanto sobre a Prefeitura de Ilhéus quanto sobre a Embasa. Em 2018, a prefeitura assinou um contrato de gestão associada com a Embasa, que estabelece obrigações claras para o município, incluindo a declaração de bens imóveis de utilidade pública e o repasse de recursos financeiros para a empresa. Portanto, ambas as entidades têm o dever de garantir a preservação dessas obras tão singulares.

Enquanto a araucária, fonte de inspiração para as caixas d’água, vive por cerca de 200 a 300 anos, as estruturas projetadas já completaram mais de 50 anos de existência. Seria uma pena não dispensar a devida atenção para prolongar a vida dessas belas e excêntricas obras arquitetônicas.

Por: Marcos Bezerra/TranscendNews.