O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, durante a abertura do XIX Foro de São Paulo, na noite desta sexta-feira (2), a integração dos países da América Latina. Ele disse que é preciso “ter consciência que a esquerda está enfraquecida no mundo” e neste cenário, a América Latina pode ser “um farol para a nova esquerda”.
“Está na hora que construirmos um consenso entre as esquerdas da América Latina para mostrar que sabemos governar. O Brasil tem mais responsabilidade para garantir que a integração aconteça”, afirmou.
No discurso de quase trinta minutos, o ex-presidente citou por diversas vezes o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que morreu em março deste ano, em decorrência de um câncer. “Eu e Chávez éramos uma espécie de animadores desse processo de integração. Durante muitas vezes eu e ele nos encontramos para discutir este tema. Ninguém é insubstituível, mas o Chávez vai fazer muita falta para nós”, disse.
Lula também comentou as manifestações que estão ocorrendo no Brasil desde junho. “Essas manifestações têm de tudo, a maioria é coisa boa. Mas por de trás disso tem fascistas também. Ao encontrar alguém na rua protestando seria melhor perguntar: por que você está protestando? E não achar que são inimigos”, defendeu. Ele afirmou ainda que os políticos precisam se renovar. “Nós fomos ficando velho e perguntando cadê a juventude em nossos partidos? Precisamos nos renovar”, avisou.
O petista também chegou a falar sobre a democratização dos meios de comunicação e destacou a necessidade da esquerda criar os seus próprios instrumentos de comunicação. “Agora com a internet, do jeito que ela funciona, nós temos a capacidade de ter a nossa própria mídia. Nós precisamos criar o nosso instrumento de comunicação. O que está acontecendo no mundo serve de aprendizado”, ressaltou.
O encontro reúne os partidos progressistas da América Latina e Caribe irá debater sobre a atual conjuntura internacional e aprovar um plano de ação para o próximo período. A XIX edição do Foro de São Paulo tem como temas centrais, “aprofundar o processo de mudanças em cada país e acelerar o processo de integração regional”, segundo Valter Pomar, secretário-executivo do Foro. Entre os temas a serem debatidos estão a situação no Oriente médio; a relação entre América Latina e África; a situação na Europa e nos Estados Unidos; a relação entre a América Latina e os Brics.